Referência de uma geração carente de talentos no basquete feminino do Brasil, a ala Iziane, 34, vê a sua carreira no fim da linha.
Em entrevista para a Folha em Campinas, onde a seleção se prepara para a Rio-2016, a jogadora se mostra decidida em colocar um ponto final na sua jornada profissional, marcada por pontos, assistências e também por polêmicas.
Joel Silva/ Folhapress | ||
Treino da seleção feminina brasileira de basquete, para os jogos olímpicos Rio-2016 |
"Se Deus quiser [vou me aposentar]. Essa é a ideia. Acho que a idade chegou e é o momento certo para me despedir", disse Iziane.
Essa Olimpíada será especial para a jogadora. Primeiro, por ser no Brasil. Segundo, porque ela terá a chance de voltar a participar dos Jogos.
A atleta, que estava em Atenas-2004, na Grécia, ficou fora das últimas duas Olimpíadas por causa de indisciplina.
Em 2008, no Pré-Olímpico para os Jogos de Pequim, ela se recusou a entrar em quadra num jogo contra Belarus após pedido do técnico Paulo Bassul e não foi convocada para o torneio na China.
Em 2012, ela foi cortada da delegação dias antes do início da Olimpíada de Londres por ter levado o namorado para dormir no hotel onde a seleção estava hospedada.
Porém, no Rio, os torcedores vão ver uma nova Iziane. Mais preparada e madura.
"Eu sou uma outra pessoa. Mudei, tanto em nível de jogo quanto em condições físicas e mentais e preparação psicológica. Sou totalmente diferente daquela Iziane de três anos atrás", disse.
Por sua experiência, Iziane é peça-chave para o atual técnico da seleção brasileira, Antônio Carlos Barbosa.
Ela já passou por diversos clubes. Só na WNBA (a liga norte-americana) foram seis (Miami Sol, Phoenix Mercury, Seattle Storm, Atlanta Dream, Washington Mystics e Connecticut Sun). Atuou também por times da França, Espanha, Rússia, Polônia e Turquia.
Atualmente, joga pelo Sampaio Corrêa Basquete. Ela ajudou o time a conquistar o título da liga feminina 2015/16.
Na final contra o Corinthians, ganhou o prêmio de jogadora mais valiosa ao terminar a série melhor de cinco com média de 18,7 pontos.
Apesar de tanta experiência, ela admite que ter perdido duas Olimpíadas faz falta ao seu currículo
"É a maior competição esportiva do mundo, a gente tem que estar lá. Foi mais difícil ainda em Londres, pois eu deixei a minha vida de lado para participar daquela Olimpíada", afirmou.
Apesar dessas ausências, ela se diz pronta para comandar a seleção, que entra na Rio-2016 longe de ser favorita à medalha de ouro.
"Eu não sinto pressão por ser a líder, até porque a minha vida toda foi assim. Sempre chamei a bola para mim no fim dos jogos. E eu acho que a gente pode calar a boca de muita gente nessa Olimpíada", afirmou.
Até porque podem ser os últimos passos como jogadora.
"Fechar o meu ciclo com uma medalha olímpica é como fechar uma carreira com chave de ouro", disse.