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Craque do futebol de 5, Jefinho se prepara para o tri paraolímpico no Rio

Como muitos dos maiores craques do futebol do país, Jeferson da Conceição Gonçalves, 26, o Jefinho, aprendeu a driblar e a dominar a bola jogando peladas com amigos na rua de casa, em Candeias, no interior baiano.

Mas, para que pudesse brincar em igualdade, uma vez que era praticamente cego, algumas adaptações eram necessárias: a bola era colocada dentro de um saco plástico, para fazer barulho, e, além disso, algumas orientações de espaço eram dadas a ele no grito pela molecada.

Dali a tornar-se um dos melhores jogadores do mundo no futebol de 5, modalidade paraolímpica disputada por atletas com deficiência visual, foi uma jornada que exigiu muito de seu "dom natural", persistência diante das adversidades para um cego que vive no Brasil e sorte.

Considerado o melhor do mundo em 2010, tricampeão mundial e bicampeão paraolímpico (Pequim-2008 e Londres-2012), o pivô tem um dos chutes mais fortes do elenco nacional. É um marcador duro, mas também apresenta-se no ataque com desenvoltura de goleador. É veloz, disciplinado e concentrado.

"Quando estou jogando, eu me sinto independente, feliz. Até esqueço que sou cego. Só penso que sou um jogador de futebol, com liberdade de driblar, fazer grandes jogadas. Fora da quadra, tenho de enfrentar diversas barreiras, que são de todas as pessoas com deficiência."

INSTITUTO

Antes do futebol, Jefinho, que perdeu totalmente a visão ao sete anos, em decorrência de um glaucoma, praticou natação e atletismo. Aos 12, conheceu a modalidade que o revelou para o mundo.

A escola para o esporte foi a mesma que o preparou para lidar com a cegueira e construir uma vida comum, em sociedade: o ICB (Instituto de Cegos da Bahia), em Salvador, para onde se mudou.

"Aprendi no instituto a me apaixonar pelo futebol de 5. Com 14 anos, disputei a primeira competição, e fui considerado revelação, mesmo jogando entre adultos. Meses depois, já fui para a seleção."

Atualmente, ele mora de novo no interior baiano com a mãe, Agripina da Conceição, 55, a quem o jogador atribui seu sucesso.

"Ela foi quem sempre me ajudou e me ajuda até hoje. Me guia pelas ruas, cuida de mim. A forma que tenho de agradecer é dando a ela uma condição de vida melhor."

PERIGO CHINÊS

Jefinho acredita que o Brasil ganhará, mais uma vez, o ouro nos Jogos do Rio (o futebol de 5 nacional ganhou todas as Paraolimpíadas da história), mas ele destaca o avanço do preparo técnico dos chineses e a grande rivalidade com os argentinos como os principais obstáculos.

"Ganhar o ouro no Rio será a conquista mais importante da minha vida, e será também para o restante do grupo da seleção. Apostamos no nosso jeito de jogar, com capacidade de improviso e muita experiência para vencer os que apostam na velocidade, ou só no preparo técnico."

No futuro, o jogador, que já foi tecladista de um grupo musical, pretende fazer faculdade de informática e iniciar um novo relacionamento amoroso. Por enquanto, continua casado com a bola.

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