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Rio-16 terá empresa que nunca atuou em grandes eventos para revista do público

Em meio a promessas de reforço da segurança dos Jogos como reflexo do aumento da preocupação após o atentado em Nice, uma área crucial —revista de público e de bolsas na entrada das arenas— ficará a cargo de empresa sem experiência no ramo.

A Sesge (Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos) contratou, no último dia 1º, por R$ 17,3 milhões, a Artel Recursos Humanos, que ficará responsável pela mão de obra que controlará o acesso de pessoas, bagagens e cargas nas instalações.

A 17 dias do início dos Jogos, a empresa catarinense ainda seleciona pessoas para trabalhar no evento. De acordo com o contrato, terá de disponibilizar cerca de 5.000 operadores de raio-X e de detectores de metais.

Empresários e especialistas ouvidos pela Folha afirmam que essa é uma das funções mais estratégicas para a segurança dos Jogos.

A contratação da empresa foi revelada no final de semana pelo jornal americano "The Wall Street Journal".

Serão os homens da empresa que terão missão de identificar se alguém tentará entrar armado numa arena ou se haverá produto não permitido em bolsas ou cargas.

A preocupação aumenta por não ser uma empresa do ramo ou conhecida por operar esse tipo de equipamento. O Ministério da Justiça não informou quem fiscalizará o serviço e os contratados. Fosse uma empresa de segurança, essa função estaria a cargo da Polícia Federal.

O pouco tempo disponível para contratação e treinamento da equipe é outro fator de risco. Em Pequim-08, a definição do responsável por um serviço semelhante aconteceu dez meses antes do evento. Em Londres-12, com antecedência de um ano.

No caso da Rio-2016, o pregão feito pelo governo federal aconteceu em junho.

A empresa que apresentou a melhor proposta, a Totaltec, que cuidou do serviço de raio-X na arena Amazonas na Copa-2014, foi preterida por não possuir todos os documentos. Assim, a Artel, segundo lugar, foi escolhida.

Criada em 2013, a empresa funciona em casa em Itajaí (SC). Está inscrita na Receita como sendo de pequeno porte —este será seu primeiro trabalho em um grande evento.

Em seu site não há relação de vagas para a Olimpíada. Destaca-se apenas seleção para a área de limpeza e de porteiros ou vendedores.

Ao telefonar para sede da empresa, atendente informou que basta enviar currículo para concorrer à vaga nos Jogos.

"É mais uma demonstração da falta efetiva de planejamento na segurança da Olimpíada", afirmou o professor Newton Oliveira, do Mackenzie, e um dos responsáveis pelo planejamento da segurança do Pan-07.

OUTRO LADO

A Sesge (Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos) não comentou a contratação da empresa catarinense Artel.

O Ministério da Justiça, ao qual a Sesge é ligado, disse que a contratação da empresa para vistoriar pessoas e bolsas na entrada das arenas foi adotada para "aliviar a carga horária dos homens da Força Nacional". A ideia se impôs após dificuldade em reunir 9.600 agentes que eram esperados. Serão 6.000.

A reportagem não conseguiu contato com o responsável da Artel que assinou o contrato com o governo.

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