O vôlei brasileiro é repleto de gerações vitoriosas: a geração prata (1984), a de ouro (1992) e a que ganhou tudo (anos 2000).
Mais recentemente, formou-se uma geração liderada por Murilo Endres, 35. Ele foi capitão, ganhou duas pratas olímpicas, foi eleito melhor jogador do mundo ao conquistar o bicampeonato mundial (2006 e 2010).
No entanto, nesta terça-feira (19), anunciou sua aposentadoria da seleção após ser cortado dos Jogos Olímpicos do Rio.
Para o técnico Bernardinho, a ausência de Murilo e a presença dos poucos veteranos na equipe que vão disputar os Jogos do Rio mostram que outra geração está no fim.
"Temos jogadores experientes [no time] que ainda não jogaram uma Olimpíada, como Éder, William e Evandro. O Murilo poderia estar também, mas é o final de uma geração, uma geração que ganhou muito e ficou muito tempo na seleção. Uma hora tem uma mudança", afirma Bernardinho.
Divulgação/FIVB | ||
Murilo ataca contra o bloqueio dos EUA na final da Liga Mundial, em 2014 |
Segundo o técnico, o Brasil "tem um número interessante [de veteranos] e alguns líderes que podem passar o que é preciso para os outros".
Os únicos jogadores com experiência olímpica que estarão no Rio são o levantador Bruninho, o central Lucão, o oposto Wallace e o líbero Serginho —este o único remanescente da conquista do ouro em Atenas-2004.
Completam a seleção brasileira os estreantes Lucarelli, Lipe, Maurício Borges e Douglas Souza (ponteiros), Maurício Souza, Lucão e Éder (centrais), Evandro (oposto) e William (levantador).
Levantamento da Folha, publicado nesta terça (19), mostra que há 44 anos o Brasil não tem uma seleção masculina de vôlei mais inexperiente em Jogos Olímpicos quanto esta do Rio.
CORTE
Sobre Murilo, Bernardinho disse que o jogador "merece um busto pelo que fez na seleção brasileira". O jogador, porém, foi cortado da lista de 12 convocados devido a uma recente lesão na panturrilha esquerda.
"O risco físico é gigante. Lipe tem histórico de lesão também. Então não podia correr esse risco de perder dois jogadores", disse o treinador. Ele lembrou que o ponteiro Lipe demorou dez dias para se recuperar de lesão na panturrilha durante a Liga Mundial de Vôlei que terminou neste domingo (17).
O levantador Bruninho, 30, lamentou que o amigo Murilo não seguirá na busca pela medalha de ouro que seria inédita para ambos.
"Mais do que como jogador, sinto como amigo. É complicado. É o título que falta para ele, como falta para mim. A gente dividiu sentimentos e dores juntos", afirmou Bruninho. "Vamos ter que honrar [essa camisa] por ele. Minha luta agora é dobrada. Assim como por Sidão [central que também foi cortado]. Sei o quanto eles gostariam de conquistar esse sonho que é de todos nós".
A seleção brasileira ganhou folga até sexta-feira (22) à noite, quando deve se reapresentar no centro de treinamento em Saquarema já na preparação final para os Jogos do Rio. A equipe de Bernardinho estreia na Olimpíada dia 7 de agosto, contra o México, no Maracanãzinho.