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Após prisões de grupo, ministro diz que chance de ataques nos Jogos é mínima

Mario Angelo/Sigmapress/Folhapress
Suspeitos de ligação com o terrorismo são conduzidos por policiais no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos
Suspeitos de ligação com o terrorismo são conduzidos por policiais no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos

O ministro da Justiça, Alexandre Moraes, classificou os brasileiros presos por suspeita de simpatizar com grupos terroristas como um grupo amador e reafirmou que considera a criminalidade mais preocupante do que a eventual ameaça de um atentado nos Jogos Olímpicos do Rio.

"Aparentemente, era uma célula absolutamente amadora, sem nenhum preparo. Se fosse preparada não tentaria comprar arma pela na internet. Insisto que questão da segurança gera mais preocupação do que a do terrorismo, mas não podemos ignorar nada", justificou Moraes.

A operação desta quinta (21) foi a primeira ação anti-terror da PF depois da aprovação da lei que tipificou os crimes dessa natureza.

Para ele, o episódio não altera o grau de temor do governo em relação a possíveis ações de facções extremistas.

"Não aumenta em nada o nível de alerta. Já estávamos mapeando. As duas situações concretas que surgiram foram resolvidas: a do professor francês (na verdade, franco-argelino), que foi deportado na sexta, e a desse grupo preso hoje", listou.

De acordo com o ministro, o grupo, que se auto-intitulava "Defensores da Sharia", se comunicava pela internet e tinha um líder, que convocou os demais a iniciarem uma espécie de preparação, com treinamento de artes marciais e de tiro.

Pedro Ladeira/Folhapress
Brasilia, DF, Brasil, 21/07/2015: Coletiva do ministro da justica Alexandre de Moraes, no MJ. Ele fala sobre a prisao de brasileiros sob suspeita de terrorismo, apos o grupo ter feito contatos com o Estado Islamico. Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, durante entrevista em Brasília

Conforme a Folha revelou na edição desta quinta, o governo brasileiro vinha monitorando cem pessoas no País que manifestavam simpatia ao Estado Islâmico.

Os dez presos nesta manhã constavam nessa lista de rastreados. Desde o início das investigações, eles compunham os 10% que mais despertaram atenção das forças de segurança.

"Esses 10% foram todos presos pela Polícia Federal nesta manhã", confirmou Moraes, durante a entrevista.

Segundo Alexandre Moraes, num primeiro momento, os diálogos e sites visitados pelos suspeitos não indicavam que eles pretendiam realizar uma investida no Brasil. Na ocasião, diziam, de acordo com o ministro, que o país não compunha a coalizão de nações inimigas do Estado Islâmico.

Passado um período, o discurso e os planos mudaram, sob argumento de que o Rio de Janeiro receberá milhões de cidadãos de diferentes países alvos do EI.

"Rapidamente, eles passaram de simples comentários sobre Estado Islâmico para atos preparatórios. De quatro a seis fizeram um juramento (virtual) ao Estado Islâmico e um deles entrou em contato com um site de armas clandestinas, solicitando compra de AK 47", detalhou.

"As trocas de mensagens mostram a degradação dessas pessoas, comemorando o atentado em Orlando, em Nice e um outro, também na França. Eles também enviavam (imagens das) execuções feitas pelo EI. De alguns dias para cá, partiram para agravamento do discurso", acrescentou o ministro.

Moraes contou ainda que o líder do grupo foi flagrado, numa das conversas, tentando convencer os colegas a identificarem formas de financiar os extremistas. Um deles chegou a mencionar a intenção de se encontrar com integrantes do Estado Islâmico, mas não teria conseguido realizar o plano por questões financeiras.

Dois dos detidos nesta quinta já tinham passagens pela polícia e cumpriram pena por homicídio.

A operação da PF, batizada de "Hashtag", foi autorizada pela Justiça Federal no Paraná, que expediu ao todo 32 ordens judiciais: 12 de prisão temporária, duas de condução coercitiva e 19 buscas e apreensões. Dois suspeitos ainda não foram detidos, mas, de acordo com Alexandre Moraes, estão sendo rastreados.

O ministro falou ainda a respeito das cerca de 90 pessoas que também estão sendo monitoradas pelas forças de segurança por serem simpatizantes de facções extremistas, esclarecendo que contra elas nada pode ser feito.

"Lamento que sejam simpatizantes, mas não podemos tomar atitudes sem que haja ato preparatório. Agora, não vamos aguardar um segundo para reagir quando houver qualquer ato preparatório", afirmou Moraes.

O que é Estado Islâmico

Por meio de nota oficial, a PF informou que uma ONG também é investigada. Na coletiva, o ministro disse que essa instituição é suspeita de fazer apologia ao Estado Islâmico e ao terrorismo e que um de seus dirigentes foi conduzido para prestar depoimento.

De acordo com a PF, os suspeitos responderão, na medidas de suas participações, pelos crimes de promoção de organização terrorista e realização de atos preparatórios de terrorismo.

"A pena para o primeiro crime é de cinco a oito anos de prisão, além do pagamento de multa. Para quem executa atos preparatórios, a pena varia de três a 15 anos de prisão", informou o comunicado da PF.

Confira abaixo a lista dos 13 suspeitos de associação com terrorismo alvos de operação da Polícia Federal nesta quinta. Um menor, que teve a identidade preservada, também está envolvido.

*

Alisson Luan de Oliveira

Antonio Andrade dos Santos Junior

Daniel Freitas Baltazar

Hortencio Yoshitake

Israel Pedra Mesquita

Leandro França de Oliveira

Leonid El Kadre de Melo

Levi Ribeiro Fernandes de Jesus

Marco Mario Duarte

Mohamad Mounir Zakaria

Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo

Valdir Pereira da Rocha

Vitor Barbosa Magalhães

Estado Islâmico - Entenda a facção terrorista

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