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Juiz diz não ver líderes entre os dez presos sob suspeita de terrorismo

Mario Angelo/Sigmapress/Folhapress
Suspeitos de ligação com o terrorismo são conduzidos por policiais no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos
Suspeitos de ligação com o terrorismo são conduzidos por policiais no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos

O suposto líder do grupo preso nesta quinta-feira (21) em operação da PF suspeito de simpatizar com grupos terroristas tem 21 anos, trabalha em uma rede de supermercado em Colombo, na região metropolitana de Curitiba e está cadastrado como operador de telemarketing em sites de emprego.

Apesar de chamado de chefe do grupo pelo ministro da Justiça Alexandre de Moraes, na manhã desta quinta-feira (21) para detalhar a Operação Hashtag, o juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara da Justiça Federal em Curitiba, afirmou que ainda "não ousaria" confirmar quem seria o líder do grupo de dez pessoas presas.

A Operação Hashtag foi deflagrada a 15 dias do início da competição.

"É difícil falar de liderança já que todos os contatos se davam de maneira virtual", disse o magistrado, em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (21).

Pela manhã, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, havia informado que o líder seria residente da região de Curitiba.

"Essa questão da liderança quero esclarecer que foi uma leitura feita pelo ministro da Justiça. Eu, como juiz, não ousaria dizer que ele[, um dos suspeitos,] é uma liderança proeminente", afirmou Silva. Procurada, a assessoria do Ministério da Justiça não havia respondido até o início da noite desta quinta sobre as declarações do juiz contrárias às do ministro.

Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Folhapress
O juiz federal Marcos Jesegrei da Silva durante coletiva de imprensa para esclarecimentos sobre a Operação Hashtag
O juiz federal Marcos Jesegrei da Silva durante coletiva de imprensa para esclarecimentos sobre a Operação Hashtag

Nas redes sociais o paranaense teria jurado lealdade ao Estado Islâmico e convocado os demais a iniciarem uma espécie de preparação, com treinamento de artes marciais e de tiro.

Ele permaneceu detido na Superintendência da Polícia Federal da capital paranaense até o fim desta tarde, mesmo local onde estão detidos alguns dos investigados na Operação Lava Jato. Ele foi transferido para Brasília no fim da tarde.

Os demais presos têm entre 20 e 40 anos. Dois deles já responderam processos por homicídio e um outro tentou comprar um fuzil do Paraguai. Eles faziam parte de um grupo no Facebook intitulado "Defensores do Xaria" e usavam nomes árabes em redes sociais.

Ao todo, foram expedidos dez mandados de prisão temporária por 30 dias, podendo ser prorrogados por mais um mês, em dez Estados do país.

ORGANIZAÇÃO

O juiz Marcos Josegrei da Silva afirmou que seria necessária uma "organização maior" entre os detidos para se falar em um líder entre eles.

Nos grupos em redes sociais que usavam para se comunicar, alguns dos suspeitos demonstraram maior conhecimento de organizações terroristas, de acordo com o juiz.

"Tem alguns que são mais ativos. Outros são menos incisivos, fazem mais postagens de fotos", afirmou.

CRIMES

Segundo o magistrado, todos os presos são suspeitos de cometerem dois tipos de crimes que infringem a lei antiterror no país. Um deles seria o de promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a organização terrorista, que pode acarretar pena de cinco a oito anos, mais multa.

O outro crime seria o de realizar atos preparatórios de terrorismo para consumar tal prática. A pena para esse crime varia conforme o delito. "Pela análise dos elementos de prova se conclui que havia possibilidade concreta de que esses indivíduos incidam em um desses dois crimes", afirma o juiz.

A maior parte das provas foi oriunda de redes sociais e de conversas em aplicativos móveis. "Havia exaltação de atos terroristas ao redor do mundo. Alguns falavam que era um 'ato nobre'", diz o magistrado. Nenhum deles possui ascendência árabe. O inquérito policial foi instaurado em abril deste ano.

Segundo o juiz, é preciso cuidado ao investigar casos como esse. Para ele, as investigações irão confirmar ou não o que foi postado em redes sociais. "Nem tudo que uma pessoa preconiza no meio virtual, ela vai realizar no real", alerta.

O que é Estado Islâmico

"Não é um pré-julgamento. Ninguém foi condenado. Não se está afirmando que há uma célula terrorista brasileira em plena atividade."

O juiz disse também que as prisões têm como finalidade abrir espaço para a investigação e, assim, confirmar ou não se as ações terroristas seriam realmente executadas.

Ele afirmou que as prisões foram feitas baseadas no contexto em que as afirmações aconteceram. As mensagens trocadas poderiam indicar um ataque no futuro, após episódios recentes como o de Nice, na França - exaltados pelos suspeitos nos grupos virtuais.

"Diante dos elementos que surgiram e dessas afirmações, a melhor medida para terminar a investigação, judicialmente, foi essa."

Confira abaixo a lista dos 13 suspeitos de associação com terrorismo alvos de operação da Polícia Federal nesta quinta. Um menor, que teve a identidade preservada, também está envolvido.

*

Alisson Luan de Oliveira

Antonio Andrade dos Santos Junior

Daniel Freitas Baltazar

Hortencio Yoshitake

Israel Pedra Mesquita

Leandro França de Oliveira

Leonid El Kadre de Melo

Levi Ribeiro Fernandes de Jesus

Marco Mario Duarte

Mohamad Mounir Zakaria

Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo

Valdir Pereira da Rocha

Vitor Barbosa Magalhães

Estado Islâmico - Entenda a facção terrorista

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