Publicidade
Publicidade

Em mensagens, suspeitos diziam que precisavam atacar 'alvos da coalizão'

Entre os dez presos na operação Hashtag, três nomes chamaram mais a atenção dos investigadores: Marco Mario Duarte, Alisson Luan de Oliveira e Leonid El Kadre Melo.

Eles despontam como os membros que mais propagandeavam ações violentas em prol do Estado Islâmico nas redes sociais monitoradas na operação da Polícia Federal, conforme relatos de envolvidos na investigação.

O grupo também contava com a participação de um menor de idade suspeito de guardar dados e informações ligadas a planos de ataques terroristas. Devido a essa possibilidade, a casa dele foi um dos alvos de busca e apreensão.

Segundo relatório sigiloso elaborado pela PF, o grupo manifestou repetidas vezes que "todo muçulmano tem que atacar os alvos da coalizão onde quer que estejam". O documento embasou as prisões, buscas e conduções coercitivas.

A coalizão a que se referem é o conjunto de países que combate o Estado Islâmico e que tem expoentes como os Estados Unidos.

O relatório também diz que, nas redes sociais, os brasileiros suspeitos de associação com terrorismo afirmam que o Brasil não faz parte da coalizão, mas que a Olimpíada do Rio poderia ser uma oportunidade para agir, já que representantes de várias nações estão presentes.

Mario Angelo/Sigmapress/Folhapress
Suspeitos de ligação com o terrorismo são conduzidos por policiais no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos
Suspeitos de ligação com o terrorismo são conduzidos por policiais no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos

O relatório da PF traz os nomes de nascimento e também os nomes árabes usados pelos dez presos nas redes sociais. A investigação mostra que muitos se "rebatizaram" após a conversão ao islamismo, caso de Marco Mario Duarte, que se apresenta como Zaid Duarte, e Leonid El Kadre de Melo, que aparece como Abu Khaled.

Muitos deles se dizem jihadistas (muçulmanos que têm o objetivo de reordenar o governo e a sociedade de acordo com a lei islâmica, chamada de sharia) e declaram que querem migrar para o califado (Estado regido pela lei islâmica que tem como grande líder o califa, sucessor do profeta Maomé).

Melo é um dos foragidos, ao lado de Valdir Pereira da Rocha, que se rebatizou de Mahmoud. Ambos viviam no Mato Grosso.

O relatório também afirma que a Polícia Federal contou com a colaboração de órgãos internacionais, como o FBI.

Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Folhapress
O juiz da 14ª Vara Federal do Paraná, Marcos Josegrei da Silva, durante entrevista nesta quinta (21)
O juiz da 14ª Vara Federal do Paraná, Marcos Josegrei da Silva, durante entrevista nesta quinta (21)

O juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal do Paraná, não quis comentar o conteúdo do relatório da PF, que está sob sigilo. Para o magistrado, no entanto, as manifestações de que os alvos deveriam ser atacados, onde quer que estivessem, foram um dos motivos das prisões.

"Essa mensagem foi repetida mais de uma vez. Isso acendeu um alerta e fez com que as prisões fossem decretadas mais em caráter preventivo. Em situações como essa não dá para pagar para ver", disse o juiz.

Ele afirma ainda que não há uma organização piramidal esclarecida. "Ainda não é possível mapear a organização desse grupo, o que concluímos é que se comunicavam, mas a estrutura ainda não está bem definida", explicou.

Segundo o magistrado, a maior parte da comunicação era feita por meio da rede social telegram.

Estado Islâmico - Entenda a facção terrorista

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade