A Prefeitura do Rio não cumpriu o prazo estabelecido para a entrega das 20 novas casas da Vila Autódromo, comunidade vizinha ao Parque Olímpico da Barra da Tijuca.
Em 8 de julho, a Folha mostrou que a última obra no chamado coração dos Jogos tinha conclusão prevista para sexta-feira (22). Um dia depois da data prometida pela prefeitura, as obras continuam nas moradias que vão abrigar os moradores que resistiram à desocupação iniciada em 2013, devido às obras olímpicas.
As chaves que deveriam ser entregues na sexta (22), segundo moradores, deverão estar nas mãos de cada uma das 20 famílias na próxima terça-feira (26).
Questionada pela Folha, a Prefeitura do Rio disse que vai entregar as chaves nesta semana junto com a Defensoria Pública.
Neste sábado (23), ainda havia obras dentro e fora das casas. Ruas sendo pavimentadas, calçadas sendo feitas, grama sendo colocada em frente às moradias além de pisos sendo instalados e azulejos rejuntados nas cozinhas. Funcionários da prefeitura disseram que as obras estão em fase final.
As 20 casas (de 56 m²) ficam a cerca de 200 metros da entrada principal dos centros de imprensa e transmissão dos Jogos do Rio. As moradias antigas que restaram das desocupações serão demolidas logo sejam desocupadas. Para algumas famílias que resistiram às desocupações, oito contêineres foram instalados no local.
Os Jogos Olímpicos começam dia 5 e, na manhã seguinte, o Parque Olímpico já estará aberto ao público que acompanhará, ali, a disputa de 16 modalidades.
Em 2013, a prefeitura anunciou que 275 famílias teriam de ser removidas, por estarem às margens da lagoa de Jacarepaguá ou por estarem no local onde seria erguida a via de acesso ao Parque Olímpico -onde hoje será implementada a reurbanização.
Foram apresentadas duas opções: indenização ou mudar para um condomínio do Morar Carioca, espécie de Minha Casa Minha Vida do município, a 1,5 km da vila.
Durante o processo, moradores que não estavam na área de influência do projeto foram incluídos no processo de reassentamento. A prefeitura alegou que 531 das 549 famílias que não pertenciam à área a ser removida entraram, a pedido, no programa. As casas dessas pessoas também foram derrubadas.
Os moradores da Vila Autódromo têm títulos de posse emitidos em governos nos anos 1980 e 1990. Em 2005, projeto de lei transformou o local em área de interesse social, o que garantiria a permanência da comunidade. O Rio foi eleito sede olímpica em 2009. Sete anos depois, os moradores vão celebrar. A construção das casas custará R$ 3 milhões ao município.