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Seleção olímpica de futebol estudou mais do que a média nacional

Já na elite do futebol, os jogadores da seleção olímpica também estão acima da média dos brasileiros quando o assunto é escolaridade.

A maioria dos atletas (77,7%; 14 dos 18 convocados por Rogério Micale) concluiu o ensino médio, segundo levantamento feito pela Folha.

Segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), do IBGE, apenas 39,3% dos brasileiros entre 18 e 24 anos encerram o ensino médio. Até a média da região Sudeste (43,7%), a melhor no ranking, é inferior.

Ao menos três jogadores do grupo que vai disputar os Jogos iniciaram a faculdade, sem conclui-la. O goleiro Fernando Prass e o zagueiro Rodrigo Caio (ambos educação física) e o zagueiro Luan Garcia, do Vasco (administração).

"Tentei, mas ficou impossível conciliar. Era muita correria", afirmou o vascaíno.

Apenas três não conseguiram completar o ensino médio, embora tenham chegado ao terceiro ano: o atacante Neymar, o meia Felipe Anderson e o volante Walace.

SELEÇÃO ACIMA DA MÉDIA - 14 dos 18 convocados têm o Ensino Médio completo. Três deles têm nível superior incompleto

"Infelizmente, o futebol não permitiu. Queria ter concluído o ensino médio e começar a faculdade, mas não deu", disse Neymar.

Profissionalizado aos 17 anos, Felipe Anderson está jogando na Itália desde 2013 e tenta encerrar o ensino médio estudando pela internet. "O complicado é que tenho que fazer as provas pessoalmente na escola", lamentou o jogador de 23 anos, da Lazio.

O lateral Douglas Santos é o único que não chegou no ensino médio. Ele fez o ensino fundamental completo.

Coordenador do curso FGV/FIFA de Gestão de Esportes, o professor Pedro Trengrouse credita, em parte, o desempenho acima da média à Lei Pelé —a legislação estabelece que clubes ajustem o tempo destinado à formação do atleta aos horários da escola, garantam a matrícula, exijam frequência e aproveitamento.

"Sem dúvida, essa obrigatoriedade explica porque a média de escolaridade desses atletas é superior à dos brasileiros em geral", afirmou Trengrouse.

Já para a educadora Andrea Ramal é "um reflexo do cenário da educação brasileira".

"Os atletas fazem parte desse universo de brasileiros para os quais cursar a educação básica passou a ser visto como essencial. Além disso, as classes C, D e E (de onde é oriunda a maior parte dos jogadores de futebol) passaram a colocar a educação entre os valores mais altos", afirmou.

Ela citou um estudo feito em cima da própria Pnad que mostra que a educação vem em primeiro lugar na prioridade das despesas para 77% das famílias na classe C e para 75% nas das classes D e E.

GARRINCHA FORA?

Segundo a educadora, o perfil desejado pelos clubes também mudou.

"Hoje não é suficiente que o jogador tenha habilidade nos pés. Ele precisa de uma série de outras competências que são trabalhadas ao longo da educação básica, como inteligência emocional, disciplina, estratégia, relacionamento interpessoal, liderança", acredita Andrea.

Ela disse que apenas o atleta que desequilibra dentro de campo não é suficiente para ter sucesso. "Um jogador como Garrincha, que se sustentava exclusivamente por ser talentoso com a bola, provavelmente não teria lugar em times de hoje. Assim, os clubes acabam fazendo uma seleção natural onde quem sobressai provavelmente cultivou outros talentos intelectuais e emocionais, que muitas vezes está ligado diretamente ao estudo", disse.

VEJA ENTREVISTAS COM A SELEÇÃO OLÍMPICA

Rogério Micale

Zeca

William

Thiago Maia

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