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Rio deve ter onda de protestos contra a tocha; Angra teve o 1º dos 20 esperados

Os protestos que interromperam a passagem da tocha olímpica por Angra dos Reis (RJ), na noite de quarta-feira (27), foram os primeiros de uma série de manifestações marcadas nas redes sociais contra o símbolo dos Jogos.

A Folha apurou que em ao menos 20 das 41 cidades que receberão a tocha nos próximos dias foram convocados atos públicos para investir contra o símbolo olímpico.

Criadas por ativistas ou movimentos sociais, as páginas convocatórias surgiram de forma independente e têm motivações diversas —desde demonstrar aversão ao evento esportivo até protestar contra o governo municipal, o estadual ou o federal.

O Comitê Rio-2016 confirmou que a Polícia Federal monitora essas iniciativas. Nos últimos dias, criadores das manifestações foram procurados por policiais. As páginas dos protestos de Volta Redonda, Barra Mansa e Resende foram removidas do Facebook por seus autores.

"Fui chamado pela Polícia Militar para dar esclarecimentos na delegacia, onde pediram para apagar a página", disse o organizador do protesto de Volta Redonda, que não quis ser identificado.

O organizador do ato em Barra Mansa apagou a página do evento na quarta-feira (27), quanto a tocha passou pela cidade. "Barra Mansa está em crise, e o prefeito teve a audácia de pagar para a tocha passar por aqui. Enquanto isso, os funcionários públicos estão com salários atrasados", disse ele, também sob condição de anonimato.

Segundo o advogado criminalista Luiz Carlos Torres, o ato de apagar a tocha não é criminoso. "Infelizmente, estupidez ainda não virou crime. Se quebrarem algo, danificarem a estrutura da tocha, isso pode ser tipificado. Mas apagar o fogo, não."

De qualquer modo, algumas páginas organizam, além dos protestos, "vaquinhas" para pagar a fiança de quem for preso nesses protestos.

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DETENÇÕES

O primeiro manifestante a atacar a tocha, no entanto, não contou com esse apoio. Em 26 de junho, o eletricista Marcelino Proença, 27, investiu contra a chama com um balde d'água em Maracaju (MS), mas errou o alvo.

Ele foi detido e precisou da ajuda da mãe para pagar a fiança de R$ 1.000. Responderá a processo na Justiça.

"Foi um ato de protesto contra o gasto de dinheiro público com uma coisa inútil", disse Proença à Folha.

Em Joinville, por onde a tocha passou em 13 de julho, o desempregado Eduardo Torres, 33, usou um extintor de incêndio, que trazia enrolado em um casaco, na tentativa de apagar a chama.

"Eu vi alguns vídeos na internet de pessoas tentando apagar a tocha e pensei: por que não? Fiquei aguardando uma meia hora até os batedores passarem. Aos 45 minutos do segundo tempo, furei o bloqueio e tentei apagar a chama, mas o extintor era uma porcaria. Se fosse para o meu carro, estaria ferrado."

Torres ficou detido por algumas horas, mas foi liberado sem pagamento de fiança. Assinou um termo circunstanciado que o obriga a se apresentar perante um juiz.

O revezamento da tocha é protegido em cada município pela Força Nacional de Segurança, com uma equipe dedicada à escolta do comboio e um destacamento de corredores para proteger e orientar os condutores. Policiais rodoviários, militares e civis completam o patrulhamento.

O chefe de comunicação dos Jogos Olímpicos do Rio, Mario Andrada, disse que o procedimento padrão tem sido deter as pessoas que atacam a chama e encaminhá-las para delegacias.

"Apagar a tocha é uma bobagem, porque existem oito lanternas de segurança com a chama dentro do comboio", afirmou Andrada.

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