Um grupo de cinco atletas refugiados do Sudão do Sul chegou ao Rio na manhã desta sexta-feira (29).
Eles farão parte da equipe de refugiados que competirá na Olimpíada, inciativa inédita do Comitê Olímpico Internacional.
Lucas Vettorazzo/Folhapress | ||
Corredores refugiados do Sudão do Sul desembarcam no aeroporto do Galeão |
Muito assediados pela imprensa, eles chegaram ao aeroporto do Galeão acenando no desembarque.
Os cinco atletas são corredores e viviam no Quênia, no campo de refugiados de Kakuma, um dos maiores da África.
Quando tiveram confirmação de que participariam das Olimpíadas, eles passaram a treinar com o time nacional do Quênia. Todos tiveram, contudo, que atingir índice olímpico para competir.
Um dos mais animados era o fundista Paulo Amotun Lokoro, 24, que competirá na prova de 1.500 metros.
Ele gostaria de conhecer seu ídolo, o jamaicano Usain Bolt.
"Quero muito conhecer o Usain Bolt, alguém que eu só vi pela televisão. Espero que possa cruzar com ele pelo menos na Vila dos Atletas", disse.
O jamaicano já está no Rio, mas por enquanto ocupa um hotel na zona oeste da cidade.
A também fundista Anjaline Nadai Lohalith, 21, contou que foi uma surpresa quando soube que viria ao Rio. Vivendo em condições ruins, eles não tinham acesso à informações sobre o mundo. Ela nem sabia que Rio era uma cidade.
"Não sabíamos que se tratava de um lugar no mundo. Pensávamos que era o nome de uma pessoa. Agora que estamos aqui, tendo essa chance, estamos muito felizes", disse.
A equipe de refugiados terá 10 competidores –cinco sudaneses do sul, um marstonista estíope, dois judocas congoleses e dois nadadores sírios.
André Naddeo/Rio 2016 | ||
Paulo Amotun Lokoro, atleta do Sudão do Sul e que vive no Quênia, acena após desembarcar no Rio |
Todos deixaram seus países fugidos de conflitos armados.
"Vamos representar milhares de refugiados pelo mundo. Eu não quero ser uma refugiada, mas foi o que aconteceu. Competir será uma forma de fazermos algo positivo. É a chance de mostrarmos ao mundo a causa para que haja cada vez menos pessoas na nossa situação", disse.
A corredora disse esperar que a atitude do COI inspire líderes mundiais a atuarem em causas humanitárias, num momento em que há uma crise de refugiados, que chegam diariamente a países da Europa.
"Os líderes têm que fazer algo pelo nosso país", afirmou.