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Lixo e entulho amontoam-se na área dos fundos da Vila Olímpica

Enquanto os olhos do mundo se fixam nos prédios de fachada, na entrada da Vila Olímpica, que abrigam delegações como as de Austrália e Itália, nos fundos do complexo imobiliário um amontoado de detritos e restos de material empacotado, que nem foi usado, ocupa uma área aproximada ao tamanho de um campo de futebol.

Não há cerca ou qualquer controle de entrada, muito menos funcionários.

O entulho da Vila Olímpica está a cerca de 80 passos da principal portaria, vigiada por guardas da Força Nacional, por onde entram caminhões que vão abastecer o refeitório olímpico, mas também por onde circulam atletas das delegações.

Quem entra no local, que tem aparência de abandonado, tem uma finalidade: encontrar algum item que possa ser reaproveitado.

Ao menos sete torres, ocupadas por países como África do Sul e Inglaterra, mantêm suas sacadas e janelas voltadas para o amontoado de detritos.

O material encontrado por ali é vasto: há contêineres inteiros ou desmontados, encanamentos, fios, postes, duas caixas d'água, com capacidade para dez mil litros cada uma, tubulações, caixas de metal, guaritas desativadas, cadeiras e carriolas, entre outros itens. E lixo, muito lixo.

Há até material novo, como pacotes de lajotas de pisos ainda plastificados.

Vila dos Atletas

Em alguns trechos, o cheiro de urina e fezes é nauseante. Espaço farto para acumulo de insetos, como o Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue e zika, que tanto assustam os estrangeiros, e ratos.

O lema dos Jogos é a "sustentabilidade", com o objetivo de conduzir todas as atividades com "responsabilidade social, ambiental e econômica", diz o comitê organizador. Entre suas bandeiras, a principal delas é a redução do impacto ambiental.

A reportagem da Folha circulou por lá durante duas horas. Encontrou, além de detritos, um funcionário da Light, que estava trabalhando na região, à procura de uma cadeira com rodinhas. E a encontrou.

De acordo com alguns funcionários de prédios vizinhos ao terreno, que reclamam da sujeira, muita gente já se deu bem ali, levando as sobras deixadas para casa.

Pela regulamentação do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), há um programa chamado Gestão de Resíduos da Construção Civil. Segundo o Sinduscon-Rio, a empresa construtora deve apresentar o projeto de gestão de resíduos. Nessa fase, deve informar qual será a quantidade que será gerada e para onde serão levados.

No fim da obra, a empresa tem de comprovar à Secretaria Municipal de Meio Ambiente que os detritos foram removidos e informar para qual central de tratamento foram enviados.

OUTRO LADO

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente do Rio informa que a Vila Olímpica possui licenciamento ambiental emitido em 20 de julho de 2015, com validade de 48 meses. A empresa tem esse prazo para dar destinação correta aos resíduos de construção civil, em local legalizado pela prefeitura, de acordo com a legislação ambiental.

Ainda segundo a pasta, até o fim dos últimos reparos da obra a área será limpa, e os resíduos receberão destinação adequada.

Responsável pela construção do complexo olímpico, a Ilha Pura, consórcio formado por Carvalho Hosken e Odebrecht, disse que a área do entulho fica em terreno que é seu. Afirmou também que parte do material destina-se a obras que ainda estão sendo executadas, apesar de a Vila Olímpica ter sido entregue ao comitê organizador no dia 15 de junho.

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