A rede de transporte urbano do Rio de Janeiro viveu momentos distintos nesta segunda-feira (01). De um lado, um bom desempenho na conexão de metrô e BRT entre Ipanema e o Parque Olímpico da Barra.

De outro, um nó no trânsito ocasionado pelas faixas exclusivas para veículos credenciados da Rio-2016.

Ruas e vias expressas da cidade tiveram congestionamentos que chegaram a 17 quilômetros de extensão no caso da Linha Amarela - via expressa que faz a conexão entre o aeroporto internacional do Galeão e a Barra da Tijuca, na zona oeste.

Pela manhã, a velocidade média dos veículos que trafegavam por lá girava em torno de 10 km/h.

Pouco depois das 12h, a Folha percorreu a Linha Amarela e presenciou o contraste entre a faixa reservada à Rio 2016, completamente livre, e as demais, tomadas pelo engarrafamento.

O motorista sem credencial que transitar pela pista olímpica pode ser multado em R$ 127 e punido com cinco pontos na carteira.

Tracejadas na cor verde e com logotipo da Rio-2016, as faixas reservadas foram respeitadas pelos motoristas da Linha Amarela nesta segunda, primeiro dia útil em que as multas passaram a vigorar.

Segundo a Guarda Municipal, até o fim do dia, 316 motoristas haviam sido multados por invadirem a faixa exclusiva. No domingo, esse número foi de 266.

O engarrafamento na Linha Amarela provocou reflexos em outros pontos da cidade. No fim da tarde, durante o horário de pico, a cidade chegou a registrar 121,7 quilômetros de trânsito lento e parado em 25 vias importantes, como a Linha Amarela, Avenida Brasil e Linha Vermelha e em ruas da Barra da Tijuca.

Em nota, a prefeitura do Rio afirmou que as vias com maior redução na velocidade média foram a Amarela, com 52% a menos que a média normal, que é de 26 km/h e passou para 12 km/h, e a Av. das Americas, com redução de 26%¨.

Diretor de operações da CET-Rio, Joaquim Dinis disse à Folha que os motoristas não terão "vida fácil durante os Jogos".

	Ricardo Borges/Folhapress
	O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, a bordo de um BRT

"No dia 5 ainda vamos agregar fechamentos na cidade. Hoje não tinha entorno do Engenhão fechado, não tinha entorno do Parque Olímpico fechado, nem Maracanã. Então além de faixa olímpica a gente ainda entra com outros fechamentos. O motorista não vai ter vida fácil durante os Jogos Olímpicos, por isso nossa recomendação é de deixar o carro em casa", disse.

Dinis admitiu que possa ter havido uma falha de comunicação entre a Prefeitura do Rio e os motoristas, mas acrescentou que mudanças nas faixas olímpicas estão fora de cogitação.

"As faixas olímpicas estão mantidas, a circulação dos atletas é uma prioridade até o dia 22 de agosto", informou.

Ainda segundo ele, a Cet-Rio tentará identificar pontos que possam ajudar a desafogar o trânsito na Linha Amarela, mas as eventuais mudanças só deverão acontecer a partir de quarta-feira.

Motoristas que tentaram circular nos horários de rush nesta segunda-feira sofreram com os congestionamentos.

O fotógrafo Leonardo Brandão levou cerca de 50 minutos do Rio Design até o Shopping Downtown, ambos na Barra, separados por um trajeto de 7,6 quilômetros pela Avenida das Américas. O tempo de deslocamento é 20 minutos a mais do que ele faz sem trânsito. "Acho que o trânsito ficou caótico de verdade de manhã, na hora do rush. No restante do dia ficou pior do que já é", disse.

A administradora Luciana Vecchioni disse que, de ônibus, leva cerca de 1h30 entre o Centro e a Barra da Tijuca em dias normais no fim da tarde. "Por enquanto tem uma hora que eu saí do Centro e ainda não cheguei nem na Avenida Brasil. Imagina quanto tempo vou levar até a Abelardo Bueno?", disse.

Funcionária de um salão de beleza, Janny Sampaio disse que levou 1h40 para percorrer um trecho de 14 quilômetros do Shopping Nova América até o Barra Music pela Linha Amarela, cerca de uma hora a mais do que num dia de trânsito livre. "Em direção ao Centro ainda estava tudo parado também, um caos", disse.

Durante a tarde, o trânsito melhorou na via expressa, mas a velocidade média permaneceu em 23 km/h.

Já na conexão entre estação General Osório, em Ipanema, e o Parque Olímpico, a viagem ficou apenas quatro minutos acima do tempo estimado pela prefeitura do Rio.

O tempo varia principalmente em razão do tempo de espera na integração entre a linha 4 do metrô e o BRT.

O percurso de 30,8 quilômetros feito pela linha 4 do metrô e a linha especial do BRT (corredor exclusivo de ônibus da estação Jardim Oceânico até o Parque Olímpico) tomou 41 minutos. O tempo estimado era de 37 minutos.

Até o dia 4 de agosto, o serviço é exclusivo para pessoas credenciadas para os Jogos. Na composição em que estava Folha havia outras 13 pessoas.

A partir do dia 5, o torcedor poderá embarcar em qualquer uma das cinco estações da linha 4. Ele será exclusivo a quem tem o cartão RioCard olímpico, que pode ser comprado apenas por quem já tem ingresso para os Jogos.