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Reunião do COI expõe crise da organização dos Jogos, que anuncia cortes

O comitê organizador da Olimpíada no Brasil admitiu abertamente a membros do COI (Comitê Olímpico Internacional) nesta quarta-feira (3) pela primeira vez que tem problemas financeiros e reconheceu que ainda falta uma série de providências para os Jogos, que serão abertos oficialmente nesta sexta-feira (5).

As maiores preocupações, segundo o órgão, envolvem questões ligados a trânsito, segurança, decoração das instalações, poluição e finanças. O comitê anunciou que está fazendo cortes de gastos até em áreas como energia e alimentação para tentar adequar o orçamento. Além disso, está pedindo socorro financeiro a estatais.

O presidente do comitê, Carlos Arthur Nuzman, e os diretores da entidade receberam questionamentos duros de representantes do COI durante a apresentação do relatório de organização dos Jogos Olímpicos do Rio.

"Filas muito, muito, muito longas têm se formado, com espera de até 45 minutos, e nem começamos o evento. Isso poderá criar muita frustração", afirmou o belga Pierre-Olivier Beckers, membro do COI desde 2012.

O belga disse que o tempo perdido tem deixado "atletas e treinadores nervosos". "Eles precisamos chegar na hora para treinos e eventos", disse.

O suíço Denis Oswald, membro do COI desde 1991, criticou o trânsito na cidade. "Tivemos muitas dificuldades para ter acesso aos locais. O trânsito é muito ruim. Vocês têm alguma medida ainda para solucionar isso?", questionou.

A pressão provocada pelos vários questionamentos levou nervosismo aos executivos responsáveis pela Rio-16. Questionado por jornalistas, o diretor-geral do comitê organizador, Sidney Levy, pediu ajuda ao diretor-executivo de comunicação da Rio-16, Mário Andrada. "Me salve, pelo amor de Deus", disse, sorrindo e tentando se livrar de perguntas. Ele descreveu dificuldades nos esquemas de trânsito, segurança e finanças, admitindo a necessidade de cortes.

Segundo Andrada, a falta de recursos financeiros já havia exigido corte de voluntários e redução em gastos com alimentação e energia.

"A gente vai fazer os Jogos, do ponto de vista financeiro, super apertado. Essa é a grande diferença de fazer com dinheiro público e sem. Vai ser apertado. O que não pode acontecer é ser apertado a ponto de parar alguma coisa", disse Andrada.

"Tudo pode ser cortado. Só não pode cortar segurança dos atletas, qualidade das competições e fields of play [campos de jogo]. A gente avançou já imensamente nesse terreno. A gente vai ter de cortar. Não tem uma lista, não sabemos o que vai ser. A cada momento surgem novas necessidades", completou.

BUSCA POR DINHEIRO

A dois dias dos Jogos, o comitê local ainda tenta conseguir um patrocínio estatal para sanar as dificuldades financeiras. Há uma semana, o governo federal reconheceu que tenta viabilizar um pacote de patrocínios por estatais de R$ 250 milhões à Rio-2016. A Petrobras já recusou o chamado.

"A gente entende que transferência direta do governo para o comitê agora não é nem tecnicamente possível, nem viável. O que a gente fez no começo foi a transferência de responsabilidades. A questão da segurança é o melhor exemplo disso [o governo federal assumiu gastos com segurança dos Jogos]. Nosso compromisso é ter um orçamento equilibrado. A gente está aqui falando que temos um problema", disse Andrada.

"A melhor saída de conseguir recursos extras é por meio de patrocínio estatais, que possam ganhar com a imagem do Brasil no exterior. Ainda é tecnicamente possível, mas não sei se vai dar tempo. São nomes que vocês conhecem, como Embratur, Apex. Não é porque é difícil que não vamos tentar", completou.

LOOK DA OLIMPÍADA

Até mesmo a decoração das arenas esportivas foi alvo de críticas. O holandês Camiel Eurlings afirmou que apenas 15% dos cartazes e sinais estão instalados.

"Quando é que isso vai ser completado?", questionou. De acordo com o comitê Rio-2016, esses produtos foram comprados na Ucrânia, por uma questão de custo-benefício, e atrasaram para chegar.

"A maioria será colocada até sexta", disse Carlos Arthur Nuzman.

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