De volta às ruas do Rio de Janeiro, a tocha olímpica começou o dia no mar e foi carregada por Mário Jorge Lobo Zagallo, ex-técnico e ex-jogador da seleção brasileira e do Botafogo.
No início da praia da Barra, ele recebeu o símbolo olímpico das mãos do ex-auxiliar e amigo Carlos Alberto Parreira. Aos 84 anos e debilitado, mas lúcido, Zagallo fez o trajeto em uma cadeira de rodas, com a tocha presa em um suporte. O filho Mário César o acompanhou, sob gritos de incentivo do público.
"A ansiedade é muito grande, a expectativa começou na Grécia e eu em casa, mas estava acompanhando tudo. A tocha está voltada para o mundo. O mundo é o Brasil. Essa tocha para mim é um símbolo", disse Zagallo em entrevista ao SporTV.
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Tetracampeão pela seleção brasileira, Zagallo recebeu a tocha do amigo Carlos Alberto Parreira. Bastante debilitado, ele esteve internado durante 15 dias, porque o estômago parou de funcionar. |
No trajeto, o fogo olímpico surfou, andou de skate e participou de uma roda de capoeira.
TOCHA DOS SURFISTAS
Antes disso, o surfista pioneiro Rico de Souza carregou o símbolo em cima de uma prancha, na praia da Macumba, reduto do esporte na cidade. Ele surfou uma onda completa por cerca de 20 segundos.
"O ato é simbólico, mas complicado. Treinei especificamente pra isso", conta. O gesto acontece um dia depois de o esporte entrar para a lista olímpica nos Jogos de Tóquio, em 2020.
"O mérito é todo da nova geração. Se organizaram para isso e agora têm de ir além para permanecerem nos Jogos", disse Souza envolto, por uma pequena multidão de fãs, a maioria surfistas.
Além destes, também havia um grupo grande de turistas que estão hospedados em hotéis e no camping do Recreio, na zona oeste do Rio. A maioria, argentina, estava caracterizada. O voluntário Cesar Pizarro veio de Buenos Aires para ajudar no boxe durante os Jogos do Rio e aproveitou para ver a chama.
"Se eu viver cem vezes, não vejo isso de novo", diz ele, mostrando a todo instante uma faixa do clube argentino de futebol Lanús. "Depois da tocha, quero ver o basquete brasileiro. Nosso Rubén Magnano [técnico] é o melhor que vocês têm", provoca.
Entre os condutores, também estavam a atriz Sheron Menezzes e a chinesa Xue Lin Bates, esposa do ativista inglês Michael Bates. Ele caminhou cerca de 3 mil quilômetros até o Rio de Janeiro e já levantou mais de um milhão de reais em doações para a Unicef (braço da Organização das Nações Unidas para a infância).
Um grupo de chineses eufóricos com bandeiras e gritos patrióticos esperavam pela tocha. Cercados por equipes de televisão do país, atraiam as atenções de curiosos.
PROTESTOS
Um grupo de cerca de 20 professores e profissionais de saúde fizeram uma manifestação durante a passagem da tocha olímpica pelo bairro de Campo Grande, na zona oeste do Rio, perto das 17h.
Um dos manifestantes estava fantasiado de mosquito, em referência ao zika vírus, e reclamava das condições precárias nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento).
Os professores da rede estadual de educação se queixaram da falta de aumento nos salários neste ano.
A Polícia Militar conteve o protesto e ninguém foi preso. Não houve confronto.
Depois de Campo Grande, o revezamento da tocha recomeçou na Avenida Santa Cruz, em Bangu, conduzida pelo ator Marcos Frota.
CAPOEIRA E SKATE
A tocha também andou de skate e entrou em uma roda de capoeira.
Em Bangu, na zona oeste do Rio, o símbolo olímpico foi conduzido por Everton de Freitas Batista, o Mestre Fanho, professor de capoeira no Sesc Tijuca desde 1992.
Mestre Fanho conduziu a tocha ao som de berimbaus, tocados por seus alunos.
A tocha andou de skate em padre Miguel, nas mãos do skatista Fábio Cavalcante.
"Apesar dos problemas que o Brasil está passando, esse é um momento especial que devemos aproveitar, afinal, dificilmente o Brasil terá outra Olimpíada enquanto estivermos vivos", disse Cavalcante.
O tour da tocha segue agora rumo a Madureira, na zona norte do Rio.