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Rio materializa nesta sexta-feira sonho iniciado há duas décadas

Olivier Morin/AFP
Comitiva do Brasil vibra em Copenhague após a escolha do Rio como sede da Olimpíada de 2016
Comitiva do Brasil vibra em Copenhague após a escolha do Rio como sede da Olimpíada de 2016

Este 5 de agosto de 2016, data da cerimônia de abertura da Olimpíada do Rio, deve muito a uma reunião em março de 1993, no Palácio da Cidade, sede da prefeitura.

Naquele dia, o então presidente da Fifa, João Havelange, e o dono da TV Globo, Roberto Marinho, morto em 2003, reuniram-se com o prefeito César Maia, eleito no ano anterior para o primeiro de seus três mandatos.

"Afirmaram que a superação da crise de longo prazo do Rio era ser sede de uma Olimpíada. [Disseram] Que eu deveria inscrever o Rio como cidade-candidata. Não seria escolhida a primeira vez, mas na terceira ou quarta vez. Assim foi feito", disse Maia, atualmente vereador.

À época, o Rio protagonizava o noticiário internacional com cenas de violência, como a chacina da Candelária.

Timelapse de Deodoro

A candidatura seria aos poucos estruturada e, em 1995, tomou corpo a Rio-2004, a primeira tentativa de sediar uma Olimpíada. O Brasil já tentara Brasília-2000.

A primeira tentativa de trazer os Jogos foi frustrada, apesar do forte apoio popular.

Os membros do COI (Comitê Olímpico Internacional) que visitaram a cidade em novembro de 1996 foram tratados como pop stars. Jogaram futebol na praia, foram pintados por indígenas e discursaram a uma multidão na praia de Copacabana.

O carinho não foi suficiente. A comissão de avaliação presidida pelo alemão Thomas Bach, atual presidente do COI, não incluiu a cidade entre as finalistas. Para piorar, fez Buenos Aires avançar –perderia para Atenas.

Timelapse do campo de golf

O presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman, tomou a dianteira da campanha, antes liderada por políticos e empresários. Em 2000, lançou a candidatura do Rio para sediar o Pan de 2007, como um passo para a Olimpíada.

Durante a preparação para o Pan, o Rio fez mais uma vez uma tentativa olímpica.

A cidade seria mais uma vez eliminada na etapa inicial de seleção, com uma explicação humilhante do então presidente do COI, Jacques Rogge. "Separamos os homens dos meninos", em referência aos eliminados e finalistas.

O Rio entrou como azarão na etapa final para sediar a Olimpíada de 2016. Venceu após melhorar aspectos técnicos do Dossiê de Candidatura, adotar uma campanha de divulgação profissional com o marqueteiro Mike Lee –que ajudou na Londres-12– e contando com o bom momento econômico do Brasil em 2009.

Timelapse do Parque Olímpico

Presente no "sonho olímpico" desde a origem, Maia afirma que a busca pela sede da Olimpíada tem "quatro vetores: a imagem global da cidade, a inserção na elite esportiva preparando atletas, o legado urbano e os eventos esportivos em si". Só metade poderá ser atingida, avalia.

"O Rio, pela coincidência da crise de 2014-2016, perdeu o efeito imagem. Perdeu o ponto de preparação de atletas para subir os degraus de elite esportiva. Fez escolha de legados urbanos que só poderão amadurecer em prazos mais dilatados, como o Porto Maravilha. Mas não há dúvida que o quarto vetor, a qualidade dos eventos esportivos, será conquistada."

Timelapse da Vila Olímpica

HÁ SETE ANOS

QUEM ERAM E COMO ESTÃO OS PRINCIPAIS PERSONAGENS DA CAMPANHA DO BRASIL PARA RECEBER A OLIMPÍADA DE 2016

CESAR CIELO
Em 2009: Era um dos principais atletas do país. Havia conquistado um ouro –o primeiro da natação brasileira nos Jogos– e um bronze em Pequim-2008
Hoje: Após não conseguir a classificação para os Jogos do Rio, se isolou e recusou convites para eventos relacionados à Olimpíada

DANIEL DIAS
Em 2009: Principal para-atleta do Brasil, o nadador havia conquista nove medalhas na Paraolimpíada de Pequim-2008
Hoje: Aumentou sua coleção de títulos e continua sendo um dos principais para-atletas brasileiros. No último Mundial, em Glasgow-2015, conquistou oito medalhas, sendo sete de ouro

ISABEL SWAN
Em 2009: Era uma promessa. Ao lado de Fernanda Oliveira, havia conquistado o bronze na classe 470 em Pequim-2008, a primeira medalha olímpica de uma brasileira na vela
Hoje: Não conseguiu vaga em Londres-2012 e quase ficou fora dos Jogos do Rio. Perdeu a vaga na classe 470, mas conseguiu mais tarde na Nacra 17

PAULO COELHO
Em 2009: Era um dos escritores brasileiros mais vendidos no exterior e acabara de ter seu livro "Veronika Decide Morrer" adaptado para os cinemas nos EUA
Hoje: Continua sendo um escritor de sucesso no Brasil e no exterior. Seu mais novo romance, "A Espiã", deve ser lançado no Brasil em setembro

CARLOS ARTHUR NUZMAN
Em 2009: Principal articulador da campanha carioca, era o presidente do COB e do Comitê de Candidatura Rio 2016
Hoje: Permanece como presidente do COB, cargo que começou a ocupar em 1995. Após o Rio conquistar o direito a sediar os Jogos, se tornou presidente do comitê organizador

LULA
Em 2009: Estava no fim de seu segundo mandato como presidente do Brasil. Saiu fortalecido da eleição do Rio para sede Olímpica e, no ano seguinte, conseguiu eleger Dilma Rousseff (PT) como sua sucessora
Hoje: Nos anos que se seguiram, viu uma sequência de escândalos deteriorem sua imagem e a do governo petista. Recentemente, se tornou réu no escândalo do petrolão, acusado de obstruir a Operação Lava Jato

SÉRGIO CABRAL
Em 2009: Era o governador do Rio de Janeiro e seria reeleito no primeiro turno, com 66% dos votos válidos
Renunciou pouco antes do fim do mandato com a intenção de concorrer ao Senado, mas desistiu. Está na mira da Lava Jato, suspeito de ter recebido propina em obras da Copa e da Olimpíada

EDUARDO PAES
Em 2009: Estava em seu primeiro ano à frente da Prefeitura do Rio após vencer uma eleição apertada
Se reelegeu em 2012 no primeiro turno e torce pelo sucesso dos Jogos Olímpicos, o que poderia impulsionar sua candidatura ao governo do Estado do Rio em 2018

ORLANDO SILVA
Em 2009: Era ministro do Esporte do governo Lula desde 2006
Continuou no cargo até 2011, quando deixou o ministério desgastado por acusações de desvio de verbas por seu partido em programas da pasta. Foi eleito em 2015 deputado federal

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