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Locais de prova da Olimpíada ainda têm problemas de acabamento à vista

Já está tudo pronto para festa. Mas falta muita coisa. Fica a vontade, mas não repare na bagunça.

Uma visita às principais instalações dos Jogos Olímpicos, cuja cerimônia de abertura ocorre na noite desta sexta-feira (5), mostra que os locais de competição estão prontos para receber partidas.

Há, contudo, diversos problemas de falta de acabamento, como fios expostos em área de circulação do público, banheiros sem lixeiras, banners ainda não instalados e atletas treinando com o som de marteladas ao fundo.

A Folha visitou na quinta-feira (4) as principais instalações do Parque Olímpico da Barra e listou uma série de pequenos problemas.

Em uma metáfora que circula nas redes sociais, seria como aquele anfitrião que convida para a festa, mas que recebe os convidados enquanto ainda enche os balões de ar e enrola os brigadeiros.

Alguns dos problemas são visíveis ao público. Outros estão nas áreas de serviços da arenas, fechadas ao público, mas à vista dos milhares de jornalistas, brasileiros e estrangeiros, que cobrem o evento.

Quem chega de BRT ao parque dá de cara com uma passarela em forma de caracol, absolutamente bem pintada de branco.

Visualmente sem problemas, é o olfato que nota algo errado. Uma água marrom esverdeada, suja de esgoto, corre por debaixo da estrutura.

É o prenúncio de que à primeira vista tudo está bonito, mas nem tudo resiste a um olhar mais atento aos detalhes.

FIOS EXPOSTOS

Na arena de tênis foi onde a reportagem encontrou a maior quantidade de problemas somados.

Muitas das placas de sinalização são feitas com papéis colocados em envelopes transparentes e fixados nas paredes ou nas grades com fita adesiva e lacres de plástico. Uma clara indicação de que foram postas de última hora, já que o restante das placas da Olimpíada é de vinil verde.

Um atleta da Sérvia treinava na tarde de quinta ainda ao som de marteladas. Os banners da Rio-2016 no fundo da quadra ainda não tinham sido instalados. No lugar deles, cinco tapumes pretos aguardavam seu "embelezamento".

Do lado de fora, diversas partes da estrutura ficavam na altura da cabeça sem aviso de cuidado ou fitas indicativas. Pilastras manchadas de sujeira e ainda com marcações de obra– números utilizados pela engenharia– podiam ser vistas.

Em um dos acessos na área de serviço, um trecho de quase um metro do chão estava danificado, criando uma espécie de calha no meio do caminho.

SINALIZAÇÃO

A sinalização é de longe o que parece mais atrasado. No meio do passeio que dá acesso a todas as arenas do Parque Olímpico, apenas um totem com o mapa do local foi visto. Muitas placas indicavam direções que não correspondiam ao caminho.

A Folha encontrou voluntários perdidos, sem saber para onde seguir. Um disse que estava há uma hora e meia tentando encontrar o local em que foi escalado para trabalhar. Ninguém quis se identificar com medo de represálias.

Na Lagoa Rodrigo de Freitas, onde serão disputadas provas de remo, por exemplo, as setas que indicavam a saída levavam a lugar nenhum.

ACESSIBILIDADE

Cadeirantes podem passar por momentos de pouca privacidade em algumas arenas. Banheiros com acessibilidade estavam sem tranca no Centro Olímpico de Tênis e no Parque Aquático Maria Lenk, que receberá provas de saltos ornamentais, nado sincronizado e polo aquático.

Visitantes cegos podem ter dificuldade para se locomover no entorno da Arena Carioca 3. A faixa amarela em relevo, que indica o caminho para aqueles que não podem enxergar, se desprendeu em um dos pontos do trajeto.

Atrás da Arena Carioca 1, que recebe o basquete, um funcionário refazia um trecho da calçada. Sem se identificar, disse que era devido à mudança de projeto.

BANHEIROS

Nesta quarta (3), durante o jogo de futebol feminino entre Brasil e China, não havia lixeira nos banheiros e o público jogava papéis em um saco preto no chão. No Velódromo, um dos locais que enfrentou maior atraso na obra, os dispensários para tolhas de papel e para sabonete ainda não tinham sido instalados.

O teto de gesso rebaixado próximo à arquibancada inferior estava incompleto. Homens instalavam equipamentos em uma das lojas de comida enquanto a seleção feminina da Inglaterra dava voltas na pista.

A reportagem encontrou fios expostos em locais de acesso ao público no Velódromo, no Estádio Aquático e na Arena Carioca 3, onde ocorrerão disputas da esgrima.

Atrás da Vila dos Atletas, em uma das vias onde passam os ônibus que fazem o transporte de profissionais de mídia, um poste está instalado fora da calçada, na lateral da pista. Dois outros postes foram vistos no chão entre o Centro de Mídia e o Parque dos Atletas.

Assim que começarem as competições de maior apelo, o visitante pode ter que enfrentar longas filas. Na tarde de quinta, a força de trabalho esperava 30 minutos para passar pelo detector de metais– algo também vistos nas entradas do centro de mídia.

Dos dez postos de checagem, apenas cinco tinham funcionários fazendo a revista e passando bolsas pelo raio-x. Diante da demora, funcionários abriram mão de pedir ao público que retirassem notebooks de dentro das mochilas, regra de segurança que é obrigatória.

OUTRO LADO

Procurada, o comitê da Rio-2016 informou que algumas arenas ainda passam por ajustes finais. Oficialmente, afirmou que "a Rio 2016 sempre atuou e continuará atuando para que a experiência dos atletas, público e todos os envolvidos seja a melhor possível".

Colaboraram CAMILA MATTOSO, MARIANA LAJOLO E ANTÔNIO PRATA

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