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Turistas se tornam alvos de criminosos cibernéticos em Jogos Olímpicos

Milhares de visitantes internacionais endinheirados estão acorrendo ao Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos, e os criminosos cibernéticos estão se preparando para uma colheita rica.

Companhias de inteligência cibernética e funcionários de governos ocidentais alertam que o evento esportivo de duas semanas de duração, que começa na sexta-feira (5), poderia resultar nos mais altos níveis de crime cibernético vistos em anos.

O medo é de que grupos organizados, localizados no Brasil e no exterior, explorem o grande número de turistas ávidos por informação que visitarão o Rio de Janeiro —um grupo que provavelmente não estará pensando muito em segurança ao clicar em sites para ler notícias relacionadas à Olimpíada ou abrir arquivos anexados a e-mails a fim de encontrar guias e mapas. Grupos de varejo e empresas que buscam explorar as oportunidades comerciais oferecidas pelos Jogos do Rio também podem estar em risco.

"Existe uma categoria de evento de alto risco, no que tange aos crimes cibernéticos", disse Jans Monrad, da FireEye, uma empresa que oferece serviços de segurança digital.

Ao longo dos últimos 30 dias, as autoridades dos Estados Unidos fizeram repetidos alertas quanto ao risco de ataques de hackers contra os visitantes ao Brasil. Bill Evanina, executivo nacional de contrainteligência do governo dos Estados Unidos, aconselhou os norte-americanos a deixarem seus celulares e computadores em casa e usarem apenas celulares descartáveis, durante sua visita ao Rio.

As Olimpíadas já foram alvo de ataques de hackers, no passado. Londres, em 2012, registrou cerca de 165 milhões de incidentes de segurança online, disseram funcionários dos serviços de segurança na época. O alcance dos criminosos online cresceu consideravelmente, de lá para cá.

"É uma situação completamente diferente", disse Caleb Barlow, vice-presidente da IBM Security. "Vemos muitos indicadores de que o nível de atividade está crescendo. [O crime organizado] está reforçando sua capacidade cibernética com muita rapidez, no Brasil".

O Brasil já é um dos países que sofrem mais impacto com o crime cibernético. Registra a segunda maior incidência de fraudes bancárias online, e sofreu uma disparada nas atividades criminosas online, nos últimos anos, quando atacantes tiraram vantagem de redes empresariais mal protegidas e da fraca infraestrutura de segurança digital.

O numero anual de ataques sérios registrados pela organização oficial de monitoração de segurança cibernética brasileira subiu em mais de 400% de 2010 a 2015. Também houve um pico perceptível em 2014, quando o Brasil sediou a Copa do Mundo de futebol - uma alta de quase 200% só naquele ano.

A despeito da incidência ampla de crimes cibernéticos no Brasil, as empresas e organizações do país costumam tratá-lo como ameaça menor.

A fragilidade da economia mundial significa que muitas cidades já não podem arcar com as despesas envolvidas em sediar o "maior espetáculo da Terra".

Na "dark web" - uma parte da Internet que requer software específico para acesso -, os fóruns usados por hackers criminosos estão repletos de discussões sobre como explorar a Olimpíada do Rio, de acordo com os especialistas em segurança cibernética.

Os hackers interessados em explorar a Olimpíada empregam técnicas sofisticadas de otimização para serviços de busca a fim de fazer com que sites mal intencionados (que infectam computadores) ganhem posição mais alta nos retornos de busca. Também criaram sites falsos que supostamente exibem "imagens exclusivas" de eventos olímpicos, usando manchetes enganosas ou sugestivas.

Em junho, cresceu em 83% o número de sites mal intencionados operacionais no Brasil, de acordo com a Fortinet, especialista em segurança de redes.

A maior parte da atividade parece concentrada em obter detalhes bancários das vítimas, o que a crescente sofisticação do malware vem tornando mais fácil que nunca.

E a ameaça não é só nacional. "Agora vemos grupos organizados de fora do Brasil tentando descobrir como formar parcerias no país ou alianças com criminosos do país", disse Monrad.

De acordo com a IBM, as facções mais proeminentes do crime cibernético brasileiro nas últimas semanas obtiveram um notório malware chamado Panda Banker, já usado por grupos criminosos para ataques a bancos na América do Norte e Europa.

Essa capacidade é "um grande avanço" para um grupo de hackers brasileiros, escreveu a IBM em relatório publicado na sexta-feira. "Para eles, essa é a maior oportunidade de negócios de toda uma vida", disse Barlow.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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