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Aos 19, americana busca se firmar como a maior nadadora nas piscinas do Rio

Londres, 2012. Katie Ledecky, 15, é só uma adolescente que sonha defender a seleção dos EUA quando cai na água para disputar os 800 m livre.

Larga ao lado de outras sete nadadoras e termina a prova nadando sozinha, mais de 4s à frente das adversárias, apenas com a companhia da linha do recorde mundial, desafiado até os metros finais.

Deixa um aviso claro: quem quiser conhecer o futuro da natação terá de segui-la.

Rio, 2016. No dia 3 de agosto, exatos quatro anos após aquele ouro, Katie entra na maior das salas de entrevistas do centro de imprensa na Barra. O local está repleto de jornalistas do mundo todo. Na mesa, apenas ela.

Entrevistas solitárias no time de natação dos EUA costumavam ser privilégio apenas de Michael Phelps. Não são mais. O futuro chegou.

A norte-americana tem hoje nove títulos mundiais e 11 recordes. Na Olimpíada carioca, vai nadar os 200 m, os 400 m e os 800 m e deve ajudar os EUA em pelo menos um revezamento, o 4 x 200 m livre. Neste sábado (6), poderia nadar o 4 x 100 m livre.

Katie sempre diz que "trabalho duro" é o segredo. E tem razão. Mas há outros detalhes que podem explicar por que já é apontada como a melhor nadadora até hoje.

Um dos pontos cruciais envolve Michael Phelps, maior medalhistas dos Jogos (22, das quais 18 de ouro).

Técnico de Katie dos 10 aos 15 anos, Yuri Suguiyam viu o norte-americano nadando em 2007 e se inspirou para alterar o estilo da pupila. A mudança foi feita 15 meses antes do ouro em Londres. Ela nada crawl com uma braçada curta do lado esquerdo e uma longa do direito. É um estilo chamado "galope", mais comum entre os homens.

Katie também subiu o sarrafo de seus treinos. Ela tenta sempre manter uma frequência de braçada próxima à que faz em competições.

Ryan Lochte, um dos maiores vencedores nadadores dos EUA, disse à revista "Sports Illustrated" que Katie ganha dele em treinos. "Ela nada como um cara."

Katie também consegue cumprir distâncias bem diferentes, como 200 m, 400 m, 800 m e 1.500 m —a última, na Olimpíada, é nadada apenas por homens. Ela é a atual recordista mundial dos 400 m, dos 800 m e dos 1.500m e está flertando com os 100 m.

"Voltei a treinar bem rápido após Londres. Redefini minhas metas e queria nadar mais do que só 800 m. Quando meus tempos começaram a cair em 2013, vi que poderia ser competitiva em outras distâncias também", disse.

Katie também é capaz de resistir ao cansaço e adaptar seu nado para não perder eficiência. "Ela consegue ser bem constante ao longo da prova, fazendo ajustes no tamanho e na frequência das braçadas para manter a velocidade. Nas demais nadadoras, a fadiga aparece e elas não conseguem fazer os ajustes, o que provoca diminuição no comprimento das braçadas no final", disse Mario J. Costa, professor do departamento de ciência do esporte do Instituto Politécnico de Guarda, em Portugal, que estudou o nado da americana.

Outro trunfo parece ser o preparo mental. Katie é uma adolescente normal. Não tem o corpo com medidas perfeitas para a natação, como Phelps, mas é alta: 1,83 m. Até pouco tempo não tinha carteira de motorista. É muito ligada aos pais, sobretudo à mãe, Mary Gen, que vêm ao Rio, e gosta de ir à igreja.

E, segundo seu técnico, Bruce Gemmell, não sente nem a pressão de ser a estrela principal da natação feminina no Rio. Se quatro anos atrás ela assombrou o mundo em uma prova sem pretensões, agora parece livre para impressionar ainda mais.

Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo

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