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Phelps adere a tecnica milenar 'made in China' para a disputa da Rio-2016

Maior medalhista olímpica, com 23 pódios e 19 ouros, o nadador norte-americano Michael Phelps faz uso da medicina "made in China" como trunfo na Rio-2016.

Ele exibiu, ao competir nos 200 m borboleta nesta segunda (8), marcas roxas nas costas e no ombro direito que são resultados do uso de ventosas.

Oriunda da tradicional medicina chinesa, a técnica —que não é considerada doping, pois não envolve substâncias— também é utilizada por atletas de outros esportes e delegações. Em muitos casos, em conjunto com a medicina ocidental.

As ventosas são espécies de "copos" que criam um vácuo entre a pele e o interior delas. Assim, o tecido corporal é sugado para dentro para cumprir fins terapêuticos.

"Faço isso há um tempo. Este [ombro] é o local em que mais dói. Tenho feito basicamente antes de cada prova. Pedi para fazer ontem [domingo] porque estava dolorido, mas o treinador pegou pesado e me deixou uns roxos", disse Phelps.

A técnica tem por objetivo prevenir e tratar lesões e melhorar a performance, de acordo com Leandro Galvão, acupunturista e professor da Ebramec (Escola Brasileira de Medicina Chinesa).

Na natação, ele afirma que o método é utilizado sobretudo no ombro dos atletas, já que o membro é um dos mais requisitados e que mais sofrem lesões no esporte.

As ventosas funcionam em duas frentes, de acordo com Galvão. Afetam o sistema circulatório e melhoram o fluxo da energia vital, conhecida na medicina chinesa como "ki".

"A ideia é aumentar a vascularização da região tratada e atrair mais células para melhorar a nutrição muscular e óssea", diz.

As marcas que Phelps exibiu são hematomas causados pela maior vascularização. "As ventosas trazem mais sangue, que extravasa, e a região do corpo do atleta fica roxa", afirma Galvão.

SESSÃO DE MASSAGEM

De acordo com a medicina tradicional chinesa, as ventosas também ajudam a desbloquear pontos energéticos obstruídos.

A terapia tem efeito semelhante a uma sessão de massagem. Para a medicina chinesa, a dor é sintoma da energia que ficou parada em alguma região do corpo.

Conhecimentos "made in China" estão sendo incorporados aos esportes de alto rendimento, de acordo com o fisioterapeuta Paulo Ramos, pesquisador do departamento de neurologia e neurocirurgia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Ele diz que já é possível ver resultados da fusão entre medicina chinesa e ocidental. O uso dos dois conhecimentos integrados tem pelo menos dez anos, afirma.

Na Universidade de Pequim, onde fez parte do doutorado, Ramos diz que há centros de reabilitação que recebem atletas europeus, principalmente da Rússia.

No Brasil, as pesquisas em conjunto com a medicina chinesa são preliminares. Por enquanto, o uso de ventosas no país ocorre na equipe da seleção paraolímpica de basquete masculino.

NA FINAL

Com a ajuda das ventosas, Phelps se classificou na noite da segunda-feira (9) para a sua primeira final individual nos Jogos do Rio.

Ele avançou com o segundo tempo nos 200 m borboleta, 1min54s12. À sua frente, o húngaro Tamas Kenderesi, com 1min53s96.

Colaboraram Mariana Lajolo e Paulo Roberto Conde, enviados especiais ao Rio

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