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Joanna Maranhão chora e faz apelo por respeito após ser xingada em redes sociais

Dominic Ebenbichler/Reuters
Joanna Maranhão após disputar a prova dos 200 m borboleta
Joanna Maranhão após disputar a prova dos 200 m borboleta

A brasileira Joanna Maranhão, 29, encerrou nesta terça-feira (9) sua participação nos Jogos Olímpicos do Rio em meio a pranto, revolta e um pedido de apelo.

A pernambucana, que na Olimpíada de Atenas-2004 foi a quinta colocada nos 400 m medley, foi eliminada no início desta tarde dos 200 m borboleta, ainda nas eliminatórias. Chorou muito depois, mas não pelo resultado.

Joanna disse que, na noite desta segunda-feira (8), deparou-se com inúmeros comentários feitos em sua página no Facebook. Segundo ela, houve gente que pediu que ela fosse estuprada; outros, que parassem de nadar.

"Quando entrei na fan page [no Facebook], não sabia que a coisa estava tão pesada assim. Não sou uma super mulher, e aquilo mexeu comigo. Demorei para dormir e acordei pensando nisso", disse a nadadora, que no Rio também competiu nos 400 m medley e nos 200 m medley, sem ir a qualquer final.

Ela disse que os xingamentos não influenciaram seu resultado nos 200 m borboleta, mas a chocaram.

"A gente dá duro todos os dias, mas o Brasil é um país homofóbico, xenofóbico, racista. Não estou generalizando, mas há pessoas que são assim e quando elas estão atrás de um computador elas se veem no direito de agir assim".

"Todo mundo tem direito de discordar de meus posicionamentos políticos, mas minha formação e minha história me fizeram que sentisse necessidade de me posicionar politicamente. O que eu puder fazer para melhorar meu país eu vou fazer. Mas desejar que eu seja estuprada, que minha mãe morra, comemorar que eu não peguei uma semifinal, isso é covardia, falta de caráter e não se faz com ninguém", esbravejou enquanto chorava.

Em 2008, Joanna revelou que sofreu uma tentativa de estupro de um ex-treinador seu, Eugênio Miranda, quando ainda era jovem. Mais recentemente, contou que cogitou se suicidar. Também ganhou holofotes quando se posicionou a favor de Dilma Rousseff e criticou a redução da maioridade penal.

"As pessoas não merecem escutar essas coisas. O [judoca] Leandro Guilheiro começou a ser chamado de Leandro Pipoqueiro [depois de não levar medalha em Londres-2012]. Não sei se a cultura futebolística faz as pessoas pensarem assim. Se de alguma forma não consegui medalha, eu vou continuar sendo a Joanna dedicada, disciplinada. Tem que haver mais empatia pelo ser humano. Desejar que eu seja estuprada, falar que eu inventei a história da minha infância para estar na mídia, isso é muito pesado", continuou a nadadora.

Joanna citou o exemplo da judoca Rafaela Silva, que foi campeã olímpica nesta segunda-feira (8) na categoria leve (até 57 kg), mas há quatro anos havia sido alvo de ataques e xingamentos em redes sociais por causa de sua eliminação.

"Eu lembro de quando a Rafaela pegou na perna [de uma rival, golpe inválido] em Londres e a galera esculachou com ela. Mas, quatro anos depois, ela é uma heroína", disse. "No desabafo da Rafa dava para ver aquela coisa engasgada na garganta dela".

"Por favor, não fiquem desejando que eu seja estuprada. Por favor, não façam isso", apelou.

A pernambucana afirmou que ainda não pensa em se aposentar da natação e que planeja se arriscar em provas de maratona aquática. Em outubro, ela se casará com o judoca Luciano Corrêa.

CHIERIGHINI

Uma classificação suada de Marcelo Chierighini nas eliminatórias dos 100 m livre salvou a natação brasileira de uma manhã ruim para a natação brasileira no Estádio Aquático dos Jogos do Rio.

O paulista avançou em 13º entre os 16 semifinalistas, com um tempo de 48s53. "Estou me sentindo um pouco preso e cansado. Nadar de manhã [início da tarde] é difícil. Mas passei. É focar nos detalhes. Sei que posso nadar mais rápido. Tenho certeza que vai ser melhor depois", afirmou Chierighini, finalista na prova nos últimos dois Campeonatos Mundiais, em Barcelona-2013 (sexto) e Kazan-2015 (quinto).

Ele disputará as semifinais a partir das 22h. O melhor tempo nas eliminatórias foi obtido pelo australiano Kyle Chalmers, com 47s90.

Satiro Sodre/SSPress/Divulgação
O nadador brasileiro Marcelo Chierighini
O nadador brasileiro Marcelo Chierighini

Outro brasileiro, Nicolas Oliveira, também participou das eliminatórias dos 100 m livre, mas ficou bem aquém de seu melhor tempo pessoal, de 48s30. Ele fez 49s05 e não se classificou adiante.

O desempenho ruim tem sido uma constante do Brasil na natação nestes Jogos. Até agora, foram somente três finais: com João Gomes Júnior e Felipe França, nos 100 m peito, e o revezamento 4 x 100 m livre –nenhum foi ao pódio.

Nesta terça, Thiago Simon e Tales Cerdeira ficaram bem longe de seus melhores tempos e não avançaram nos 200 m peito. Simon piorou praticamente seis segundos em seu melhor tempo (de 2min09s82 x 2min15s01).

Nos 200 m borboleta, Joanna Maranhão também foi mal, com um 24º lugar. A equipe do revezamento 4 x 200 m livre terminou em 15º e penúltimo lugar nas eliminatórias.

Nadadores com altas expectativas, como Etiene Medeiros (100 m costas) e Leonardo de Deus (200 m borboleta) também nem sequer chegaram às finais.

Brasileiros classificados para a Olimpíada

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