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Praia de carioca, boulevard olímpico atrai multidões com saltos, voos e samba

Alguma coisa acontece no coração portuário do Rio. Uma não, várias. Num percurso de 3 km, é possível ter visões distintas do centro carioca: de ponta-cabeça ou nas alturas. Mais: de alegria, esperança e desespero.

O Boulevard Olímpico do Porto Maravilha é a maior vitrine olímpica da Rio-2016. E também de empresas.

A Skol colocou um balão panorâmico em frente à igreja da Candelária. Concorridíssima, a atração é um aperitivo de voo: são 15 minutos, num "cesto" com 25 pessoas, entre subir 150 m em linha reta, tirar umas fotos sobre a orla e descer. Passa longe da emoção de um voo de balão.

"Perdi um tempão até descobrir que não adianta ficar na fila", disse, desapontada, a empresária Carla Feitosa, 41, com o filho, Manuel, 2.

Não adianta. Para subir no balão, é preciso se inscrever pela internet. Já para saltar de bungee jump, é possível agendar, a partir das 10h, por ali mesmo. A ação de marketing pode receber cem pessoas por dia. Uma pulseira indica o horário do salto.

A galera jovem também alimenta filas atrás de um game de dança na Casa Coca-Cola, onde é possível tirar foto com a tocha, além de apreciar uma exposição sobre a Olimpíada.

O boulevard é uma iniciativa da prefeitura e de seis patrocinadores, mas ninguém quer falar de investimentos.

Ao mesmo tempo em que as pessoas desfrutam de um cardápio variado de atrações, uma pergunta orbita aquele universo festivo: será que ele irá sobreviver pós-Jogos?

"Isso aqui era um lugar abandonado, sujo, perigoso, que ninguém queria nem saber de olhar", conta o aposentado Moisés Ferraz, com a experiência acumulada em 93 anos. "Nós não podemos abandoná-lo depois da festa", frisa, com o suor escorrendo pelo rosto, lamentando a falta de sombra no local.

Nestes dias de Jogos, o Boulevard tem recebido cerca de 80 mil pessoas por dia.

Espalhados, seis telões transmitem os jogos. Diariamente, há shows de música em três palcos. Um deles promove encontros de astros da MPB. "É um ambiente seguro, onde é possível fazer um passeio pela diversidade musical do Brasil: do rock ao maracatu", elogia Luiz Moreaux, 43, músico. Desde terça, o caldeirão sonoro engrossou: blocos e escolas de samba se encontram na praça 15, botando o mundo para sambar.

Um dos espaços mais disputados para selfies é a chamada "pira do povo". Criada pelo americano Anthony Howe, famoso pelos trabalhos que se movem ao sabor do vento, a estrutura cinética compõe o cenário da pira olímpica, que ficará ao lado da igreja da Candelária até o encerramento dos Jogos.

"Está linda, como toda a maquiagem que aplicaram no Rio para turista ver", ironiza a assistente social Cleide Martins, 39. "Tomara que não seja mais um balão de ensaio. Que a grana toda que gastaram deixe algum legado", diz.

Com chapéu na cabeça e usando camisa de manga longa, o filipino Asmui Fnu, 43, pingava suor, após percorrer o mural Etnias, homenagem aos cinco continentes, do artista Eduardo Kobra, que mede 2.500 m². Depois, foi conferir as fotos do francês JR, para o projeto Inside Out, que registra rostos de pessoas que vieram para a Olimpíada.

Parou, então, em um dos 50 food trucks, onde recompôs a energia com um hambúrguer. A dez passos dali, buscou uma bebida, que só se encontra nos stands de patrocinadoras. Aí a coisa azedou. "Cadê o banheiro?"

Um policial militar, que costuma usar o toalete de um estacionamento na região, apontou para o outro lado do painel. Ao refazer o trajeto, Fnu teve mais uma surpresa: o banheiro estava fechado. Faltou luz, problema que os organizadores dizem ter solucionado. Após queixas, informam que aumentaram em 20% o número de banheiros.

Paulo Eduardo Costa, 19, coordenador de eventos, depois de tomar quatro garrafinhas de água, segurava a onda, quando quase perdeu a concentração. Caminhando ao lado da ilha das Cobras, foi surpreendido: nas águas poluídas da baía de Guanabara, peixes saltavam em série, descrevendo um sincronizado balé aquático.

Encantado com a cena bucólica e relaxante, quase esvaziou a bexiga ali mesmo.

Editoria de Arte/Folhapress
Boulevard Olímpico
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