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Ex-militar presente em ônibus rejeita versão de vidro quebrado por pedras

Lee Michaelson, jornalista americana que estava no ônibus atacado na Transolímpica na noite desta terça (9), disse que não pretende deixar o Rio.

"Não sinto medo aqui. Sou de um país onde 50 pessoas foram mortas a tiros em uma boate. Toda Olimpíada tem problemas, estou na minha quarta [edição]. Mas acho que a organização precisa admitir que não estava preparada para situações dessa natureza."

"Vejam as fotos que mostram os vidros atingidos no ônibus. Parece muito buraco de bala", disse, discordando da versão de peritos que analisaram o veículo. "É fisicamente impossível uma pedra, com ônibus em movimento, acertar aquele ponto particular na velocidade em que aconteceu o impacto. Isso sem falar que eu ouvi som de tiro. De arma pequena", afirmou a capitã aposentada da Força Aérea dos EUA e hoje jornalista especializada em basquete.

Shannon Stapleton/Reuters
A person sits on an official media bus after a window shattered when driving accredited journalists to the Main Transport Mall from the Deodoro venue of the Rio 2016 Olympic Games in Rio de Janeiro, August 9, 2016. REUTERS/Shannon Stapleton ORG XMIT: SRR122
Ônibus oficial da Rio-2106 atingido nesta terça-feira (9)

"Ninguém foi baleado, ninguém ficou seriamente ferido, felizmente. Isso poderia ter acontecido em qualquer lugar. Em qualquer lugar do mundo hoje em dia, aliás. Acho que o Rio está fazendo bastante em termos de segurança. O que eu não vejo é direção defensiva, treinamento do motorista", declarou Michaelson.

"O motorista queria parar o ônibus e só continuou no caminho depois que um fotógrafo que já tinha trabalhado no Iraque gritou para que ele continuasse. Fez isso porque também achou que o estrago tinha sido provocado por uma arma", disse a jornalista, que dirige um site dedicado a competições femininas de basquete na Califórnia.

O fotógrafo, da agência Reuters, segundo Michaelson, também foi quem gritou para os ocupantes do ônibus deitarem no chão do veículo e fez o motorista desligar as luzes do ônibus. "O motorista queria parar e manter as luzes ligadas. Desligá-las deveria ser um procedimento de segurança", afirmou Michaelson

"Minha maior queixa, porém, não é contra o motorista, o policial ou qualquer um dos voluntários. É contra o fato de ninguém, ninguém da Rio-2016 ter entrado naquele ônibus e pegado nossos nomes, perguntado quem éramos, o que tínhamos visto. E agora eles vêm com essa explicação, que não aceito", disse, sobre a tese apresentada pela organização de que havia sido uma pedra.

"Toda Olimpíada tem problemas. Eu, particularmente, critiquei quem estava falando só das coisas negativas destes Jogos e esquecendo dos atletas. Agora estou contribuindo com isso, veja só."

Michaelson afirmou ainda que "isso poderia acontecer em qualquer lugar". "Mas, com o histórico do Rio, o comitê deveria estar preparado para este tipo de situação. O que vi ontem é que a Rio-2016 não estava preparada para dar a resposta adequada à situação. Ou, pelo menos, se estava preparada, não conseguiu executar essa resposta ", disse Michaelson, que não pretende deixar a cidade, onde se hospeda com sua filha

"Não me sinto insegura no Rio. O que sinto neste momento é apenas raiva", concluiu.

Editoria de Arte/Folhapress
Onde o ônibus com jornalistas foi atingido no Rio
Onde o ônibus com jornalistas foi atingido no Rio
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