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Com gritos de 'vai, Thiago', mãe de nadador brasileiro faz sucesso na torcida

Rose Vilela entra no Estádio Aquático, procura o assento em que vai ver a sessão noturna da natação nesta quinta (11), na fila A, corredor 22, cadeira 20, e para.

Está logo acima de onde o filho deixará o vestiário para cair na água na final dos 200 m medley. Pouco mais de duas horas antes da prova, Rose sorri.

"Ele vai sair dali. Vamos jogar bons fluídos aqui", disse Rose.

Lorena Montenegro/Moana Filmes/Divulgação
Mãe do nadador Thiago Pereira
Mãe do nadador Thiago Pereira

Ele é Thiago Pereira. A mãe do nadador ficou famosa com os gritos de "vai, Thiago", que embalam seu filho nas provas. E ficou famosa mesmo.

No estádio, nas horas que antecederam a prova, deu autógrafos, mandou beijos e recebeu dezenas de boa sorte.

Boa sorte, por sinal, é o nome de um dos recentes vídeos do grupo Porta dos Fundos, claramente inspirado em Rose.

"Mas ela [a mãe da ficção] é pior do que eu. Até cai na água", brincou Rose.

A Folha acompanhou a mãe de Thiago Pereira e familiares desde a saída de um hotel, na praia de São Conrado, na zona oeste, até o fim da prova dos 200 m medley. Todos vestiam uma camisa azul com a famosa frase de "vai, Thiago".

Rose estava mais colorida com blusa verde, calça branca e tênis verde e amarelo.

"Falei com o Thiago hoje, à tarde. Rezamos", contou, ainda no hotel.

Lorena Montenegro/Moana Filmes/Divulgação
Mãe do nadador Thiago Pereira
Mãe do nadador Thiago Pereira

Antes de sair, a família de Thiago presenteou Jacqueline Macedo com um ingresso para ver a prova.

Macedo é gerente de marketing da P&G, e embaixadora de um projeto da empresa para a Rio-2016 com mães de quatro atletas, de qual Rose faz parte. Macedo está grávida.

"A Sofia não podia ficar de fora e vai gritar vai, Thiago", brincou Rose falando da filha de Macedo.

No caminho até o Parque Olímpico, Rose foi quase todo o percurso, de 40 minutos, em silêncio, no assento logo atrás do motorista. Gabriela, a esposa de Thiago, falava mais. A tensão de cada uma era assimilada de maneiras opostas.

Após passar pelo raio-x e validar o ingresso, já dentro do Estádio Aquático, uma voluntária segurava uma placa que dizia, em inglês: familiares dos atletas, precisamos de você.

Rose se aproximou, e avisou qual seria seu assento. Serviria para a transmissão oficial achar Rose durante a prova.

Já no lugar marcado, três amigos de Thiago acharam Rose. Nadaram com ele quando garotos.

Avener Prado/Folhapress
Thiago Pereira durante treino da seleção brasileira olímpica de natação
Thiago Pereira durante treino da seleção brasileira olímpica de natação

"Eu gritava vai para todos eles desde que eram desse tamanho [faz sinal de pessoa pequena com as mãos]. Não é?", disse, apontando a um deles.

Rose brinca com o grande rival de Thiago, o maior medalhista olímpico, Michael Phelps. "Ele poderia ter dormido com o bebê dele essa noite, né", disse. Phelps tem um bebê pequeno.

Uma hora e meia antes da prova, um vídeo chega ao celular da esposa Gabriela e emociona. É Thiago descansando com o fone de ouvido, e voluntários e nadadores tirando o fone para gritar "vai, Thiago".

"Apoio, é isso", diz Rose, enrolada o tempo todo em uma bandeira do Brasil que diz usar, a mesma, desde 2003, quando o filho foi aos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, na República Dominicana.

Quando as provas começam, a tensão de Rose aumenta. Há momentos que fecha os olhos e conversa consigo mesma. Só sorri quando alguém grita seu nome. São pessoas, amigos e parentes, que se espalham pelo estádio vestindo a camisa "vai, Thiago".

No momento que o filho deixou o vestiário, Rose começou a gritar. Mas diferentemente de quando ia a provas do filho com 50, 100 pessoas na arquibancada, dessa vez quase todo o estádio a acompanhava no "vai, Thiago".

Mas o grito dela não é só "vai, Thiago". Tem também o "encaixa, Thiago", pedindo para acertar os movimentos de cada um dos estilos medley (peito, costas, borboleta e livre).

Thiago virou para o nado livre entre os primeiros, mas caiu de produção nos 50 m finais e terminou em sétimo. Frustração de Rose, de Gabriela, e de todo o estádio.

Um repórter tentou chegar perto dela logo após o fim da prova, mas ela não quis falar. "Só estou preocupada com ele", dizia.

O "vai, Thiago", agora, seria um abraço. Consolador de mãe.

Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo

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