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Quando o encontro com Jesus melhorou o humor dos atletas búlgaros

Era para ser um passeio divertido, e uma pausa antes das competições, a um dos pontos turísticos mais cobiçados do Rio de Janeiro. O dia estava lindo e os turistas vinham de um lugar distante. Mas assim que a reportagem da Folha entrou na van que levaria um grupo de atletas búlgaros ao Cristo Redentor, o tempo fechou.

"Vocês são da imprensa? Queria que escrevessem no jornal que levaram meus dois celulares do meu quarto na Vila Olímpica. Um iPhone 6 e um Samsung da Olimpíada (versão comemorativa)", disse num tom nada amistoso o atleta de luta greco-romana Nikolai Bairiakov.

O lutador contou que em três dias sumiram três celulares e um tablet. Não foram os únicos a terem tido problemas. "No alojamento dos alemães levaram celulares, relógios e até uniformes. A Austrália também foi vítima. Reclamei com a segurança, com a chefia da segurança, e tudo que ouço é 'sinto muito, sinto muito'. 'Sinto muito' não resolve meu problema", disse, bastante contrariado.

Giovanni Bello/Folhapress
Frames do video de atletas bulgaros fazendo turismo pelo Rio de Janeiro. Foto: Giovanni Bello/Folhapress
Atletas búlgaros fazem turismo pelo Rio de Janeiro

A reportagem da Folha, pega de surpresa com o climão pesado, na tentativa de amenizar o desconforto, fala que sente muito pela má experiência dos visitantes. No que recebe um olhar de desdém de Bairiakov. OK, já entendemos, "sinto muito" não adianta.

O episódio foi notícia na imprensa búlgara, conta Bairiakov, enquanto mostra um site do país. Não era possível entender o que estava escrito, mas a foto do atleta esta lá. "Não é pelo dinheiro, mas eu sou esportista, quero me concentrar bem, descansar e me sentir seguro", continuou o atleta.

Quem sabe um pouco sobre os pontos turísticos! Aquela é a Pedra da Gávea, vocês podem subir até o topo, escalando ou fazendo caminhadas. Opa, surgiram traços de interesses. "É bonito, bem diferente da paisagem do nosso país", disse Bairiakov, quase um porta-voz do grupo, com poucos integrantes que se comunicavam em inglês.

O caminho feito pela van passa pelo Alto da Boa Vista e, lá em cima, a primeira parada é num mirante que mostra beleza deslumbrante da cidade. Quando a van estaciona, os atletas quase saem correndo e começam a fazer fotos. Bairiakov cutuca: "se eu tivesse meu celular agora."

Os atletas se animam, abrem os braços, mudam de lugar na procura do melhor ângulo. O motorista chama todos para seguir viagem. E agora há uma competição pela melhor vista da janela. Os clima pesado dá lugar à expectativa à medida que o Cristo Redentor.

Chegando ao destino, começa uma caça os búlgaros que desaparecem no meio da multidão que lota o ponto turístico. O dia é lindo, o céu azul, apenas uma brisa refresca a tarde do inverno carioca, o Rio de Janeiro pode ser visto em sua imensidão de prédios, montanhas e mar. "É uma vista criativa, muito bonita, exótica", disse Bairiakov.

Há uma profusão de atletas de vários países, tentando driblar os fãs e fazer suas próprias fotos. Os búlgaros seguem a cartilha do turista à procura do melhor ângulo para a foto com o Cristo. Deitam no chão, abrem os braços, fazem fileira na escadaria. Pela primeira vez Bairiakov sorri. "Estou emocionado, como cristão era um sonho estar num lugar como esse. Nessa hora a gente esquece todos os aborrecimentos", disse.

O que mais você tem vontade de conhecer na cidade? "O pão de Açúcar e Copacabana, claro. Quando eu pegar a medalha no dia 15, assim espero, no dia seguinte quero celebrar em Copacabana. Uma grande e exótica festa", diz um Bairiakov mais animado.

Antes de ir embora, uma parada na lojinha de lembranças. Mais fãs, mais fotos. Elis Guri, outro búlgaro do grupo, atende as pessoas com paciência, um dia de super star em território brasileiro. "Não é todo dia que temos pessoas nos procurando, querendo tirar fotos", disse. Contou também que nos primeiro dias não se sentiu muito seguro na cidade, mas agora não quer mais ir embora.

Você é famoso em seu país, eu quis saber? Ele sorri, mas é Bairiakov quem entrega. "Campeão Mundial em 2011, de luta greco-romana. Vai lutar por medalha!" Dessa vez sou eu quem pede uma foto. Não é todo dia que se passeia por aí com um possível medalhista.

O que fica do passeio é o que já sabemos. O Rio tem muito problemas, como a maioria das grandes cidades, e os atletas têm sentido em maior ou menor grau alguns deles. O que salva é a beleza e seus encantos, suas atrações turísticas impressionantes, a interação com o povo, experiências positivas que os atletas vão levar para casa.

Procurada pela reportagem, a Rio-2016 informa que aumentaram a segurança e a quantidade de rondas em toda a Vila Olímpica. Afirmam que há câmeras de segurança espalhadas pelos alojamentos, mas não souberam dizer por que as imagens não foram usadas para resolver essa reclamação.

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