A ginástica artística está na vida de Arthur Zanetti desde a infância, e só as crises da adolescência o fizeram pensar em desistir.
Quando chegou à equipe em São Caetano, o técnico Marcos Goto reuniu os pais e disse que as crianças, vira e mexe, querem parar de treinar. Passa. Mas o período agudo é a puberdade.
"O adolescente fica todo cheio de si, os hormônios afloram, os nervos atacam. Ele contou que perdeu metade dos atletas que teve nessa fase", relembra o pai Arquimedes.
Aconteceu com Arthur. Aos 16 anos e meio, certo dia brigou com Goto e, ao chegar em casa, afirmou que não treinaria mais.
"Ele ficava igual a cachorro doido dentro de casa, correndo atrás do rabo. Entrava por uma porta, saía pela outra. Passou duas semanas em casa", relembra a mãe Rose.
Certo dia, a mãe, inventou que tinha de ir a São Caetano e perguntou se o filho não queria ir junto. Arthur foi. Goto olhou para ele e o mandou treinar na hora, de jeans e tudo.
"Foi a pior coisa que ele fez. Ele nunca mais parou", diz Rose.
Arquimedes conversou na mesma noite com o filho. "Eu disse que faltava um ano e meio para ele fazer 18, aí poderia fazer o que quisesse. Mas, até lá, se assumisse um compromisso, teria que honrar. Nunca mais tivemos problema", diz.
Arthur, hoje, estuda educação física. As aulas são à noite e ele tem flexibilidade para fazer provas. Certa vez, fez todos os exames em um dia só, das 8h30 às 17h.
"Ele é muito disciplinado. Acho que a ginástica o ajuda a enfrentar situações como essa", diz Arquimedes.
O atleta começou na ginástica aos 7 anos. Aos 8 e meio, começou a trabalhar com Goto, que chegou a São Caetano vindo de Guarulhos. Ele reuniu um grupo de sete meninos que achou que tinham potencial. Hoje, só Arthur continua a ser ginasta.
"É normal o Arthur chegar às vezes em casa reclamando dele", diverte-se Rose. "Eles discutem de vez em quando. O Marcos é muito rígido, mas o Arthur já entendeu que é para o bem. Tem funcionado, não?"