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Psicóloga controla ansiedade de Nory e fez pai do ginasta mudar de opinião

O ginasta Diego Hypolito não cansa de destacar a importância que sua psicóloga, Sâmia Halage, teve no processo de superação da depressão que o abateu depois do fracasso nos Jogos de Londres-2012 até a conquista da medalha de prata neste domingo (14).

Arthur Nory, 22, que conquistou a medalha de bronze, também tem ajuda de uma profissional da área, mas para um problema diverso. Se Hypolito sofre com a falta de energia, Nory tem excesso.

"A vontade dele de entrar no tablado, ganhar medalhas e disputar a Olimpíada gera uma ansiedade que pode não ajudar. Ele tem muita expectativa, e então isso gera ansiedade, o que é normal. Por isso, trabalhamos com ele algumas técnicas de ancoragem no presente", conta Carla Cristina Ide, 41, psicóloga do clube Pinheiros que acompanha Nory há sete anos, ou seja, desde que o atleta tinha 15 anos.

"São técnicas para afastar pensamentos intrusos e disfuncionais, como a respiração e a auto-fala. Reforçamos a respiração pelo diafragma, inspirando em três tempos e soltando em seis. Há também a respiração de Jacobson, outra técnica. Já a auto-fala consiste na repetição de palavras-chave que sejam significativas para ele, que servem para ancorá-lo, para colocá-lo no presente. Assim, ele evita ficar pensando em questões como 'e se' e mentaliza os movimentos de uma prova bem feita. A ideia é blindá-lo de coisas externas que podem influenciar", explica Carla.

Viciado em redes sociais, como ele mesmo se define, Nory já sofreu com o lado negativo delas, quando um vídeo em que aparece fazendo piadas de cunho racista com o ginasta Ângelo Assumpção foi divulgado na internet. Ciente do efeito ruim que as redes sociais podem ter sobre o atleta, a psicóloga explica que a abordagem também não passa pela proibição.

"Ele gosta mesmo de ficar na internet, então o trabalho é muito em cima de colocar um limite nesse uso. Por outro lado, como é um passatempo de que ele gosta muito, também não seria funcional tirar totalmente, porque ele ficaria frustrado. Trata-se de diminuir", diz, ressaltando que a tensão entre Nory e Assumpção foi superada.

"Os dois trabalham juntos, a gente nem comenta mais sobre isso. Os dois sentaram, conversaram, e a situação ficou no passado. Os dois nunca perderam o foco por causa daquilo".

CONVENCIMENTO

A psicóloga também foi uma das responsáveis pela carreira de Nory na ginástica. Quando ele chegou ao Pinheiros, seu pai, o judoca Roberto Mariano, queria que o filho praticasse a arte marcial —Nory chegou a ser atleta de judô do Palmeiras por certo tempo. Coube a Carla convencê-lo a deixar o garoto seguir no esporte de que mais gostava.

"Havia um gosto maior para que o Nory seguisse outra profissão. Como sentimos que existia esse desejo diferente que se expressava na casa deles, chamamos o pai para conversar e explicamos o que esperávamos do filho dele e o projeto que tínhamos. Na época, já falamos do potencial que víamos e das grandes competições e da própria Olimpíada que visualizávamos para o futuro. Também falamos em deixar o Nory seguir no esporte que ele mais gostava. O pai dele ficou até surpreso e foi receptivo. Depois disso, essa pressãozinha deixou de existir", conta a psicóloga.

Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo

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