A grande estrela do evento não apareceu. A seleção masculina de rúgbi de Fiji, que ganhou a primeira medalha de ouro olímpica do país, ficou até tarde na balada e não conseguiu acordar.
Mas atletas das outras 14 ilhas do Pacífico estiveram em um evento na Urca na segunda (15) falando das agruras e delícias de ser uma delegação nanica nos Jogos.
O judoca Ovini Uera, 28, veio de Nauru —terceiro menor país do mundo, com 21 km², equivalente ao município de Taboão da Serra. Nauru tem apenas 10 mil habitantes —menos gente do que a população da Vila Olímpica da Rio 2016.
No país inteiro, só há três adultos que lutam judô. Por isso, Uera tinha que viajar para a Austrália para arrumar parceiros para treinar. "Somos delegações minúsculas de ilhas minúsculas –é muito difícil chegarmos até a Olimpíada", diz Uera.
Toda a delegação de Nauru tem apenas dois atletas, Uera e o levantador de peso Elson Brechtefeld.
Uera começou a lutar judô há quatro anos. Nunca conseguiu se dedicar integralmente ao esporte. É gerente da área de alimentação das linhas áreas de Nauru.
Já Vanuatu (país de 250 mil habitantes, menos que Juazeiro do Norte, no Ceará) veio com o dobro de atletas: quatro, em remo, tênis de mesa, boxe e judô.
Nenhum deles foi muito longe nos resultados, mas estavam todos animados. E loucos para ver um jogo de futebol, o esporte preferido no país. "Queríamos ver o Neymar jogar, mas o Maracanã é muito longe [da Vila dos Atletas]. Temos medo de nos perder tentando ir até lá", diz Ham Lulu, técnico de tênis de mesa de Vanuatu. Receosos, quase não saíram da Vila dos Atletas, onde circulam com uma caixa de som com reggae e reggaeton.
Tuvalu (país composto de nove ilhas e uma população de 10,5 mil) veio com a menor delegação do mundo –apenas o velocista Etimoni Timuani, que competiu nos 100 metros rasos. Timuani joga na seleção de futebol de Tuvalu. Como a seleção não é reconhecida pela Fifa, ele veio como corredor.
SOMOS TODOS FIJI
"O ouro de Fiji é de todos nós", diz Robert Graham, chefe da delegação das ilhas Cook (15 mil habitantes, metade da população do bairro paulistano do Morumbi). Fiji levou a primeira medalha de ouro da história de todas as ilhas do Pacífico. A última medalha das ilhas foi de prata, para Tonga, em levantamento de peso, em 1996.
"Os meninos do rúgbi estão festejando toda a noite desde que ganharam. Nós somos como os brasileiros, gostamos de comemorar", diz Matai Akauola, gerente de comunicações do Comitê Nacional Olímpico da Oceania.
Na estreia do rúgbi de 7 nas Olimpíadas, o time de Fiji ganhou o ouro ao derrotar a Grã-Bretanha por 43 a 7, no dia 11. O primeiro-ministro fijiano, Frank Bainimarama, assistiu aos jogos na plateia.
O governo de Fiji decretou feriado nacional para o 22 de agosto, dia em que os atletas voltam ao país. "Em Fiji, todo mundo joga rúgbi desde pequeno, começam usando cocos", diz a chefe da delegação de Fiji, Cathy Wong. "Graças ao rúgbi, agora as pessoas sabem onde fica Fiji."