Muitas marcas foram quebradas pela medalha de ouro do argentino Santiago Lange, 54. Mas a principal dela foge das estatísticas.
Ele é o velejador mais velho na Olimpíada. Conquistou o primeiro ouro da Argentina no esporte. Atingiu tudo isso após ter de retirar meio pulmão numa cirurgia em razão de um câncer no ano passado.
Não é só a doença que torna improvável a conquista de Lange. Sua motivação inicial para a Rio-16 não era o pódio, mas sim acompanhar de perto a campanha dos filhos Yago, 28, e Klaus, 21, dupla da argentina na classe 49er.
"Comecei o ciclo como treinador deles. Mas no início do ano passado, vi que era uma enorme responsabilidade ser treinador dos meus filhos", disse ele.
O argentino não é um novato em Jogos. Participa de sua quinta edição, tendo conquistado bronze em Atenas-04 e Pequim-08. Ele trocou o programa olímpico da vela pela America's Cup, liga mais rentável da vela oceânica.
Para integrar a delegação argentina ao lado dos filhos, ele se juntou a Cecilia Saroli, 29, para tentar a vaga na classe nacra 17. Em abril, descobriu o câncer. A operação ocorreu em setembro.
A recuperação foi rápida. Em cinco dias, eles já teve alta. Um mês depois, estava de volta ao mar. Em dezembro, garantiu a vaga pelo país.
"Não gosto de falar muito sobre a minha doença do ano passado. Estamos na Olimpíada, deveríamos falar sobre esporte. Se minha história ajuda outras pessoas, me sinto orgulhoso disso. Espero que elas superem isso da melhor forma", disse Lange.
"Não é que ele não goste de falar sobre a doença. É o jeito dele. Ele sempre quer seguir em frente. É um atleta apaixonado e é contagiante como ele é positivo sobre tudo", disse sua dupla Saroli.
Yago e Klaus, filhos do medalhista de ouro, disputam nesta sexta-feira (18) a regata da medalha, mas sem chances de chegar ao pódio. A festa argentina ficou por conta do velho Santi, como é chamado. A torcida mergulhou na poluída baía de Guanabara e o abraçou quando chegou na areia da praia do Flamengo.