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Na expectativa por fim de guerra, Colômbia comemora ouro no salto triplo

Os alto-falantes do vendedor ambulante de CDs piratas no centro de Bogotá não paravam de tocar "Mi Propia História", uma famosa canção de vallenato (gênero dançante colombiano), na manhã desta terça (16). "Trilha sonora da campeã!", anunciava Juan Andrés Muriel, tentando vender os exemplares improvisados embrulhados em plástico.

A Colômbia vive dias de orgulho com a medalha de ouro conquistada por Caterine Ibargüen no salto triplo, na Olimpíada do Rio.

Simpática e sorridente, Caterine conta que sempre canta para si mesma essa canção antes de uma competição importante, pois seus versos, que eram cantados pela mãe na infância, hoje servem a ela de motivação: "Cada um tem na vida seus quinze minutos que o motiva, que o entusiasma a ser triunfante", diz a letra.

Johannes Eisele/AFP
Caterine Ibargüen comemora no pódio do salto triplo
Caterine Ibargüen comemora no pódio do salto triplo

"Este ouro representa muito para nós neste momento tão especial da história do país", conta Luz María, estudante universitária que, vestindo a camiseta da seleção colombiana, olhava as primeiras páginas dos jornais que estampavam a comemoração pós-vitória da compatriota.

A Colômbia atravessa o trecho final de uma negociação que pode colocar fim a uma guerra de mais de 50 anos com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Desde o início do período da violência no país, o Departamento de Antioquia, em que Caterine nasceu, é um dos mais atingidos, tendo sido também o local onde se concentrava o Cartel de Medellín nos anos 80 e 90.

Mas no domingo à noite, a Antioquia e o resto da Colômbia estavam em festa. Aos 32 anos, e depois de vencer a medalha de prata em Londres, Caterine saltou 15,17 metros, deixando para trás a venezuelana Yulimar Rojas e a cazaquistã Olga Rypakova.

A festa foi ainda maior em Apartadó, de 150 mil habitantes, a 500km da capital Medellín, cuja população é formada principalmente por afro-descendentes e indígenas.

Foi ali que Caterine cresceu, criada pela avó, depois que os pais tiveram que partir em busca de sustento familiar. Afinal, o conflito armado destruíra a economia local. Enquanto ele foi buscar trabalho na Venezuela, ela foi atrás de um emprego no porto de Turbo.

Raul Arboleda/AFP
Rua de Apartadó, cidade em que cresceu a campeã olímpica Caterine Ibargüen
Rua de Apartadó, cidade em que cresceu a campeã olímpica Caterine Ibargüen

Foi a avó, dona Ayola Rivas, que estimulou Caterine a seguir no esporte depois das primeiras vitórias, que a levaram em seguida a Medellín. Dali, foi para Porto Rico, onde conseguiu uma bolsa para estudar enfermaria e treinar.

De Apartadó, nos últimos dias, a avó Ayola Rivas vem dando eufóricas entrevistas.

"Eu sabia que ela ganharia, é uma alegria imensa vê-la na tela grande, com um monte de gente que ela conhece desde pequena torcendo junto."

Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo

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