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Maior homenagem a João Havelange vira parede em branco no Rio

No dia 16 de dezembro de 2003, João Havelange, já ex-presidente da Fifa, recebeu sua maior homenagem da cidade do Rio de Janeiro. Foi no lançamento da pedra fundamental do novo estádio da capital fluminense batizado com o nome do dirigente, morto na terça-feira (16).

O estádio inaugurado em 2007 para os Jogos Pan Americanos hoje recebe seu maior evento esportivo, a Rio-2016. Foi assim nesta terça-feira (16), palco de mais de uma dezena de provas, entre elas a eliminatórias dos 200 m livres, com Usain Bolt.

No dia da morte de Havelange, porém, o nome do cartola já não aparecia no local. Não havia nenhuma referência a ele por lá.

Em 2015, oito anos depois da sua inauguração, o estádio foi oficialmente rebatizado de Nilton Santos a pedido do Botafogo.

Eder Fantoni/Folhapress
Homenagem a João Havelange foi apagada da parede da hall de entrada do Engenhão

Depois da mudança, duas referencias a João Havelange foram retiradas da arena.

Uma ficava no hall de uma das entradas. Onde se lia "Estádio Olímpico João Havelange" numa parede de azulejos, agora só se vê apenas os azulejos brancos, sem nenhum nome no local.

A outra recordação também ficava nesse hall. Era uma pintura feita em grafite com a imagem do ex-presidente da Fifa. Foi apagada. A parede está toda branca.

"Devemos ao Havelange a revolução no futebol brasileiro desde a conquista de 1958, a revolução no futebol mundial universalizando e incluindo todos os continentes. Devemos a Havelange a idéia da Olimpíada no Rio e a conquista da Olimpíada na votação no COI (Comitê Olímpico Internacional)", defende César Maia, que realizou a homenagem ao cartola.

O ex-prefeito disse à Folha que o nome do local não foi alterado, já que, segundo ele, não teria havido aprovação da mudança na Câmara Municipal do Rio.

Em 2015, porém, o atual prefeito da cidade, Eduardo Paes, autorizou o pedido do Botafogo, que arrenda a arena, para rebatizá-la.

Eder Fantoni/Folhapress
Parede que tinha pintura em homenagem ao ex-presidente da Fifa na entrada do Engenhão no Rio

"Cumprimentando-o, sirvo-me do presente para, em resposta ao ofício encaminhado no dia 26 de janeiro de 2015, e em respeito à decisão do Prefeito César Maia, responsável pela execução do Estádio, que resolveu denominá-lo "Estádio Olímpico Municipal João Havelange", na forma do Decreto 28.086, de 18 de junho de 2007, afirmar que nada tenho a opor ao pleito do Botafogo de Futebol e Regatas. Dessa forma, autorizo a utilização da nomenclatura "Estádio Nilton Santos", na forma do solicitado, destacando a justa homenagem ao atleta e ídolo, Nilton Santos", escreveu Paes ao presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira.

O texto foi publicado no "Diário Oficial" do município do Rio.

A assessoria de imprensa do Botafogo informou que a mudança ocorreu em razão da ligação de Havelange com o Fluminense. Torcedor do tricolor, o ex-presidente da Fifa também atuou como atleta de pólo aquático do clube.

O Botafogo informa que foi feita uma pesquisa para saber qual nome o torcedor gostaria de dar ao estádio: Nilton Santos, Mané Garrincha ou João Saldanha. O primeiro foi vencedor.

O clube confirma que não há mais nenhuma referência a João Havelange no estádio.

OSTRACISMO

O movimento para tirar o nome de Havelange do estádio começou bem antes de 2015. Ele ganhou força há cinco anos, quando foi revelado oficialmente a ligação do dirigente com o escândalo da ISL (empresa de marketing esportivo que pagava propina a dirigentes da Fifa). O dirigente optou por se afastar da vida pública.

Diego Padgurschi/Folhapress
Bandeira do Brasil a meio mastro no Parque Olímpico em homenagem a João Havelange

Desde então, homenagens, antes corriqueiras, viraram raras. O cartola renunciou ao cargo de integrante do COI temendo ser banido. A entidade queria analisar um relatório elaborado pelo Comitê de Ética sobre o caso ISL.

Por consequência, deixou de ser membro do conselho executivo do Comitê Organizador da Rio-2016. Ainda é membro nato do COB (Comitê Olímpico do Brasil).

Nesta terça, o COI adotou uma postura indiferente em relação à morte de Havelange. O ex-presidente da Fifa teve atuação decisiva para garantir a vinda dos Jogos para o Rio de Janeiro. Foi nesse cargo que diversas investigações abalaram sua reputação, alvo de acusações de corrupção.

O COI se recusou a colocar a sua bandeira oficial, com os aros olímpicos, a meio mastro. A entidade, porém, disse ter aceitado um pedido do Comitê Rio 2016 para que a bandeira do Brasil fique a meio mastro nas instalações dos Jogos.

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