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Croácia e Sérvia no basquete vale mais do que uma vaga na semi dos Jogos

Charlie Neibergall/Associated Press - Andrej Isakovic/AFP
Dario Saric, da Croácia, e Teodosic, da Sérvia, se enfrentam nesta quarta

Imagine um quinteto inicial de basquete com Teodosic, Dragic, Saric, Bogadnovic e Mirotic. Uma seleção leve e habilidosa que reuniria craques de CSKA, Miami Heat, Philadelphia 76ers, Brooklyn Nets e Chicago Bulls.

Esse quinteto, porém, não é mais possível, já que todos esses cinco jogadores são naturais de Estados e províncias da antiga Iugoslávia, territórios que se transformaram em nações independentes após sangrentas guerras civis a partir do início dos anos 90.

Teodosic é sérvio, Dragic, esloveno, Saric e Bogadnovic, croatas, e Mirotic, um montenegrino agora naturalizado espanhol. Após a guerra, além de Sérvia, Croácia, Eslovênia e Montenegro, também se tornaram independentes Macedonia, Bósnia-Herzegovina e Kosovo.

Nesta quarta-feira (17), a partir das 22h, quando croatas e sérvios começarem seus aquecimentos para o mata-mata na Arena Carioca 1, no Parque Olímpico, um pouco da história iugoslava estará ali representada. História essa com um currículo impressionante que inclui um ouro olímpico (1980), cinco mundiais e oito europeus.

A guerra civil nos Balcãs matou dezenas de milhares, dividiu o país e deixou marcas profundas, inclusive nas quadras.

Antigos companheiros de seleção iugoslava, as lendas Drazen Petrovic, croata, e Vlade Divac, sérvio, romperam uma longa amizade justamente no calor das batalhas, o que foi narrado em incrível e emocionante documentário da ESPN "Once Brothers" (veja trailer aqui).

O esporte, aliás, está diretamente ligado ao início do derramamento de sangue da década de 90. A história registra um confronto entre torcedores de equipes de futebol de Zagreb (croata) e Belgrado (sérvia) como um dos estopins da guerra.

O ódio daqueles tempos hoje parece neutralizado, mais concentrado em grupos ultranacionalistas. Mas as feridas seguem abertas. De lado a lado há apelos para julgamento de militares e paramilitares sérvios e croatas acusados de massacres, saques, torturas e estupros. Tudo isso alimenta a memória da guerra.

A Croácia, primeira colocada do grupo B, e a Sérvia, a quarta do grupo A, se enfrentam pelas quartas-de-final da Olimpíada.

A partida desta quarta-feira vale muito mais do que uma vaga nas semifinais dos Jogos.

Estarão em quadra uma imensa rivalidade (não só esportiva) e um ponto de interrogação sobre quem neste momento representa mais o berço da antiga escola iugoslava de basquete.

Vince Bucci/AFP
Vlade Divac participa de manifestação contra os ataques militares da Otan à Iugoslávia, em 1999
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