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Nome de Gabriel Jesus vira grito do Maracanã e engana padre colombiano

Danilo Verpa/Folha de S.Paulo/NOPP
FUTEBOL - BRASIL X HONDURAS - RIO DE JANEIRO/RJ - 17/08/2016 - O JOGADOR GABRIEL JESUS MARCA SEGUNDO GOL DO DO BRASIL DURANTE PARTIDA CONTRA HONDURAS EM JOGO SEMIFINAL NAS OLIMPIADAS RIO 2016. Foto: Danilo Verpa/Folha de S.Paulo/NOPP ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Gabriel Jesus comemora gol no Maracanã

Logo na entrada de acesso ao portão A do Maracanã, a voz de Gilberto Gil que ecoava do alto-falante dava boas-vindas aos torcedores: "Andar com fé eu vou, que a fé não costuma 'faiá'". Embalado pela canção, o público ia aos poucos tomando assento e tingindo de amarelo todo o estádio.

Na fileira "I", do bloco 501, o estudante Arthur Mendonça de Pinho, 8, vestia camiseta branca da Olimpíada e segurava um daqueles infláveis no formato de mão, pintado com os desenhos das mascotes da Rio-2016, Tom e Vinicius.

A ansiedade era tamanha que, no calor da torcida, mal permitia a ele brincar com o objeto. Era a primeira vez que o garoto, de Rio das Ostras (RJ), assistia a um jogo da seleção brasileira.

"Tenho fé que o placar será de ao menos dois a zero", disse ele, tímido.

Ao ser questionado para que time torcia, Arthur deu um sorriso amarelo tão quanto o das camisetas que o circundavam. Durante aquele dedinho de prosa, o menino encontrava-se entre a "cruz e a espada": o pai é vascaíno, a mãe, flamenguista, e ele, anda incrédulo, não decidiu definitivamente para qual time irá torcer. Para ela, diz que é "Flamengo", para ele, "Vasco".

No alto de seu 1,32 metros de altura, uma coisa Arthur não tem mais dúvida: "somos todos Gabriel Jesus".

Do canto extremo da direita, o guatemalteco Jorge Cardona, 49, alimentava esperança de ver Honduras na final.

"Tenho muitos amigos por lá. O país anda cabisbaixo, triste, violento, uma vitória, sobretudo contra o Brasil, iria aumentar a esperança, a autoestima dos hondurenhos", defendia.

Discurso semelhante pregava o instrutor de mergulho Oswaldo de Jesus, 40, de Belize, porém, com uma ressalva: "O Brasil não tem se saído muito bem no futebol, mas a força e a fé da torcida podem levar o time a ser campeão", disse, tendo a sua voz abafada pelo grito da multidão.

"Glória, glória, aleluuuia, glória, glória, aleluuuia, glória, glória, aleluuuia, é Gabriel Jesus." Segundo gol do time brasileiro. Primeiro do camisa 11.

Pertinho dali, na fileira "J", cadeira 12, o colombiano Giovanny Alberto Navarro Sanchez, 41, estava perplexo perante a algazarra. "Por Deus, o que é isso?", questionou.

Padre da diocese de Girardot, município localizado na província Alto Magdalena, a cerca de duas horas da capital, Bogotá, Sanchez, até então, não sabia que o Jesus aclamado por todo o Maracanã se tratava do jogador brasileiro. "A fé do povo é algo curioso", brincou o padre, depois de tomar ciência da história do nosso artilheiro.

Quando Gabriel Jesus fez o segundo dele na partida, a torcida passou a emendar a saudação, acompanhada por um outro grito, este com gostinho de revanche: "Ohhh Alemanha pode esperar, a sua hora vai chegar".

No fim da goleada, de 6 a 0, que garantiu vaga na final do torneio de futebol, Arthur já agitava sem parar seu inflável de mascotes, ao sabor do cântico do estádio. O garotinho talvez seja novo demais para conhecer uma outra canção, que também tocou nesta quarta (17) festiva no Maracanã, aquela do Skank cuja a letra diz o seguinte: "Que coisa linda é uma partida de futebol".

Cao Can/Xinhua
(160817) -- RIO DE JANEIRO, Aug. 17, 2016 (Xinhua) -- Brazil's Jesus Gabriel celebrates during the men's football semifinal between Brazil and Honduras at the 2016 Rio Olympic Games in Rio de Janeiro, Brazil, on Aug. 17, 2016. Brazil won the match with 6:0. (Xinhua/Cao Can)(dh)
Gabriel Jesus na vitória contra Honduras
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