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Polícia do Rio conclui que nadadores americanos não foram assaltados

A polícia do Rio concluiu a investigação sobre o suposto assalto a quatro nadadores americanos, entre eles, o campeão do revezamento 4 x 200 m livre, Ryan Lochte. A Folha apurou que os policiais acreditam que os atletas se envolveram em uma briga quando retornavam à Vila Olímpica, na manhã de domingo (14), e que não houve um assalto.

O grupo deixou a Casa da França, na Lagoa, zona sul do Rio, por volta das 5h45 da manhã. No caminho para o alojamento, o táxi em que eles estavam parou num posto de gasolina para que um dos atletas fosse ao banheiro.

De acordo com a investigação da polícia do Rio, um dos nadadores danificou uma porta da loja de conveniência do posto. Houve então uma discussão com os funcionários e seguranças do local. Policiais militares foram acionados para tentar solucionar confusão.

A Folha esteve no local nesta quinta-feira (18) e entrevistou o dono do estabelecimento comercial, que pediu para não ser identificado. Ele afirma que os americanos "não entraram no banheiro. Começaram a urinar no jardim e na parede na lateral da loja".

Câmeras de segurança do posto gravaram o ocorrido. As imagens foram exibidas pela TV Globo.

Veja

De acordo com a versão relatada pelos frentistas ao proprietário do posto, após urinar fora do local adequado, os nadadores tentaram arrancar um banner de publicidade instalado na área externa. Quando os atletas entraram no táxi, o motorista se recusou a sair do local e disse que a polícia foi chamada para resolver a situação.

"Eles então ofereceram aos frentistas U$ 20 (cerca de R$ 60) para cobrir o prejuízo. Mas os funcionários não aceitaram", disse o dono do posto. Depois, deram mais dinheiro para cobrir o prejuízo e foram impedidos de partir duas vezes: uma pelo taxista, que não tinha recebido pela corrida, e outra por um cliente.

Como a polícia demorou para chegar, segundo o empresário, os atletas foram embora após pagar o taxista.

Procurados, os advogados dos atletas americanos envolvidos não se pronunciaram.

Nesta quinta (18), a embaixada americana afirmou que está pronta "para prestar qualquer assistência consular que seja apropriada". Em nota, disse que "devido a considerações sobre privacidade, não temos mais nenhuma informação a fornecer".

Em entrevista a jornalistas americanos no domingo, o nadador Ryan Lochte disse ter sido assaltado por homens com distintivos da polícia quando voltava para a Vila Olímpica na madrugada de domingo.

Lochte manteve a versão em depoimento ao delegado Alexandre Braga da Delegacia Especial de Atendimento ao Turista. Disse que os criminosos levaram US$ 400 (cerca de R$ 1,2 mil), mas não pegaram a sua credencial e o seu telefone celular.

O seu colega Jimmy Feigen, 26, que também estava envolvido, disse ter perdido US$ 300 (cerca de R$ 900). Os outros nadadores do grupo, Gunnar Bentz, 20, e Jack Conger, 21, não quiseram prestar depoimento.

Na quarta (17), Lochte afirmou ao jornalista Matt Lauer, da NBC, que os atletas pararam no posto para usar o banheiro e que quando voltaram ao veículo, foram assaltados. A versão relatada a Lauer difere em alguns pontos do que foi informado anteriormente, quando diziam que homens armados e com distintivos policiais pararam o táxi para levar os pertences.

CONTRADIÇÕES

Gunner Bentz e Jack Conger chegaram às 13h40 à Delegacia de Apoio ao Turista (DEAT), no Leblon.

Após serem impedidos de embarcar para os Estados Unidos pela Polícia Federal nesta quarta (17), eles passaram a noite em um hotel próximo ao aeroporto. Depois de receber a visita de policiais militares que dão apoio aos investigadores, seguiram para a delegacia em carro próprio.

Sérgio Guerra, advogado dos nadadores, afirmou que Bentz e Conger "ficaram muito assustados, sem entender bem por que foram impedidos de embarcar".

"Meus clientes foram retirados do avião e conduzidos para depor coercitivamente, o que é uma aberração jurídica. Mas o que mais causa espécie é a retenção do passaporte de testemunhas", protestou.

O Ministério Público do Rio solicitou a realização de novas diligências para apurar possível prática do delito de comunicação falsa de crime por parte dos nadadores.

Tasso Marcelo/AFP
Os nadadores americanos Gunnar Bentz (esq.) e Jack Conger (de cinza) ao deixar delegacia do aeroporto
Os nadadores americanos Gunnar Bentz (esq.) e Jack Conger (de cinza) ao deixar delegacia do aeroporto

Policiais civis chegaram à Vila Olímpica na manhã de quarta-feira para cumprir mandados de busca e apreensão determinados pela juíza Keyla Blanc, do Juizado Especial do Torcedor do Rio, na terça (16) à noite.

Em seu despacho, a juíza Blanc afirma que há contradições nos depoimentos dos dois nadadores à polícia.

Lochte disse ter sido abordado por um assaltante armado e obrigado a entregar todo o dinheiro que estava com ele, em torno de US$ 400 (cerca de R$ 1,2 mil). Já Feigen afirmou aos policias que o grupo foi abordado por vários assaltantes, mas apenas um deles estava armado.

Também chamou a atenção dos policiais um vídeo divulgado pelo jornal "Daily Mail" que mostra os nadadores voltando tranquilamente para a Vila Olímpica, às 6h56 do domingo.

Segundo a polícia, câmeras do Club France mostram que os nadadores deixaram o local por volta de 5h45.

Segundo Blanc, o comportamento dos americanos registrado em vídeo mostra que "as supostas vítimas chegaram com suas integridades físicas e psicológicas inabaladas, fazendo, inclusive, brincadeiras uns com os outros".

O Comitê Olímpico dos EUA disse estar colaborando com as autoridades.

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