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Dono de posto diz que nadadores dos EUA fizeram confusão e nega assalto

O dono do posto em que os quatro nadadores dos Estados Unidos, entre eles, o campeão do revezamento 4 x 200 livre, Ryan Lochte, dizem ter sido assaltados nega a versão dos atletas. A Folha esteve no local nesta quinta-feira (18) e entrevistou o dono do estabelecimento comercial, da rede Shell, na avenida Armando Lombardi.

De acordo com o relato do empresário, que pediu para não ser identificado, pouco antes das 6h, o táxi com os nadadores parou em frente à loja de conveniência do posto. Segundo a investigação da Polícia do Rio, os atletas não foram vítimas de um roubo, mas protagonistas de uma confusão no local.

O dono do estabelecimento comercial também afirma que os americanos não foram assaltados. Ao chegar no local, os atletas teriam pedido para ir ao banheiro. Um funcionário então indicou a localização. O banheiro fica no lado oposto à entrada da loja, em outro acesso.

Câmeras de segurança do posto gravaram o ocorrido. As imagens foram exibidas pela TV Globo.

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"Só que eles não entraram no banheiro. Começaram a urinar no jardim e na parede na lateral da loja. Na imagem de uma das câmeras de segurança [já encaminhadas à Polícia do Rio] dava para ver até a bunda de um deles", disse o empresário.

De acordo com a versão relatada pelos frentistas ao proprietário do posto, após urinar fora do local adequado, os nadadores tentaram arrancar um banner de publicidade instalado na área externa do posto. Outros clientes presenciaram a cena.

Quando os atletas entraram no táxi, o motorista se recusou a sair do local. Disse que a polícia foi chamada para resolver a situação.

"Eles então ofereceram aos frentistas U$ 20 (cerca de R$ 60) para cobrir o prejuízo. Mas os funcionários não aceitaram", disse o dono do posto.

Os atletas então teriam dado mais R$ 100 para os frentistas e tentaram sair do posto para buscar outra condução. Neste momento, segundo relato dos funcionários, o taxista foi até eles e cobrou a corrida da Lagoa até aquele trecho da Barra e eles pagaram.

Na sequência, segundo o proprietário do posto, eles foram abordados por um cliente, que tentou impedir a saída dos atletas.

"Não sei se era policial", diz o empresário.

Como a polícia demorou para chegar ao local, os atletas foram embora, segundo a versão apresentada pelo empresário.

Em entrevista a jornalistas americanos no domingo, o nadador Ryan Lochte disse ter sido assaltado por homens com distintivos na volta para a Vila Olímpica

Lochte manteve a versão em depoimento ao delegado Alexandre Braga da Delegacia Especial de Atendimento ao Turista. Disse que os criminosos levaram US$ 400 (cerca de R$ 1,2 mil). Pouparam a sua credencial e o seu telefone celular.

O seu colega Jimmy Feigen, 26, disse ter perdido US$ 300 (cerca de R$ 900). Os outros nadadores Gunnar Bentz, 20, e Jack Conger, 21, não quiseram prestar depoimento.

Como houve contradição, a polícia obteve na Justiça mandados para apreender os passaportes dos dois nadadores. Lochte embarcou as 22h de segunda (15) para os Estados Unidos. Já Feigen deixou a Vila dos Atletas e permanece no Rio.

De acordo com o chefe da Polícia Civil do Rio, Fernando Veloso, o nadador Ryan Lochte pode responder por falsa comunicação de crime e dano ao patrimônio, se for comprovado que ele depredou o sanitário de um posto de gasolina na Barra da Tijuca.

Falsa comunicação de crime implica em detenção de um a seis meses, ou multa.

Ueslei Marcelino/Reuters
Os nadadores americanos Jack Conger e Gunnar Bentz são levados para a polícia no Rio
Os nadadores americanos Jack Conger e Gunnar Bentz são levados para a polícia no Rio

O QUE JÁ SE SABE, O QUE FALTA ESCLARECER

1 - Quem são os dois homens que detiveram os quatro nadadores no posto de gasolina?
Em depoimento à Polícia Civil do Rio, ambos disseram ser agentes da Secretaria de Administração Penitenciária de Minas Gerais; a polícia afirmou que seriam seguranças do posto, e ao menos um dos funcionários confirmou, declarando que um dos agentes era "vigilante do posto". O dono do estabelecimento, no entanto, negou, dizendo que eram clientes

2 - Eles estavam armados? Tinham autorização para isso? Usaram suas armas?
Sim, e, como agentes penitenciários, têm porte de arma. Eles afirmaram ter sacado suas pistolas calibre 380 quando acharam que seriam atacados por Lochte e Feigen, e ordenaram que os quatro sentassem; o chefe de Polícia Civil disse que "não houve qualquer violência ou abuso no uso da arma". Lochte disse que um dos homens apontou uma arma para sua cabeça, mandando que ele sentasse

3 - O que os nadadores quebraram no posto?
Segundo funcionários do posto, os americanos arrancaram uma placa de publicidade, quebraram a saboneteira e a papeleira do banheiro e urinaram num canteiro

4 - Quanto dinheiro eles deixaram, e em que condições?
Segundo os funcionários do posto e os agentes penitenciários, um dos nadadores, Gunnar Bentz, deu uma nota de US$ 20 e duas de R$ 50 para pagar pelo prejuízo causado, em negociação intermediada por um outro homem, brasileiro, que estava no local e falava inglês; em depoimentos à polícia, Lochte disse que um homem armado lhe pediu todo o dinheiro que tinha (US$ 400) e Feigen disse que perdeu US$ 300

5 - O que Gunnar Bentz e Jack Conger, os dois nadadores que foram tirados do avião na quarta (17), contaram à polícia?
Segundo a polícia, os dois nadadores afirmaram que não houve assalto, mas uma confusão no posto; eles são tratados como testemunhas do caso

6 - Que punições os nadadores podem receber?
Lochte e Feigen podem responder por falsa comunicação de crime, cuja pena é detenção de um a seis meses ou multa. Os quatros podem ser indiciados por dano ao patrimônio, mas, segundo o chefe da Polícia Civil do Rio, "ainda é prematuro atribuir os crimes a eles", pois a investigação não foi concluída.

Em termos esportivos, não há risco de que percam suas medalhas olímpicas; o Comitê Olímpico dos EUA não informou se eles seriam punidos.

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