O nadador americano James Feigen, 26, um dos quatro envolvidos na comunicação falsa de assalto, embarcou para os Estados Unidos na noite desta sexta-feira (19).

O atleta entrou na área de embarque do aeroporto internacional Antônio Carlos Jobim por volta das 20h, informou o delegado de Polícia Federal Paulo Andrade.

Dos quatros nadadores ligados ao caso, Feigen foi o último a deixar o país. Segundo funcionários do aeroporto, não houve assédio da imprensa como no embarque dos colegas Gunnar Bentz, 20, e Jack Conger, 21, na noite desta quinta-feira(18), após prestarem depoimento à polícia. Ryan Lochte viajou para os Estados Unidos na segunda (15) , antes do caso ganhar grande repercussão.

Mais cedo, Feigen apresentou, à Justiça, o comprovante da compra de materiais de construção no valor de R$ 35 mil para o projeto social Instituto Reação. Com a conclusão do acordo, a juíza Bianca Nigri determinou a devolução do passaporte do atleta, o que tornou possível a volta para casa.

Apesar da aparente resolução do caso, o Ministério Público estadual do Rio de Janeiro decidiu recorrer da fixação de multa aplicada a Feigen, por considerar o valor baixo "diante da gravidade e repercussão negativa do fato".

O MP sugeriu uma cobrança de R$ 150 mil reais, valor que foi recusado pela defesa do nadador sob a alegação de que era "desproporcional ante as condições financeiras do autor do fato".

Segundo a promotoria, no caso de discordância entre juiz e promotor sobre os termos da transação penal, a solução é o envio do processo ao procurador-geral de Justiça para reexame da proposta. Alegando não cumprimento do protocolo, o MP com mandado de segurança junto ao Tribunal de Justiça do Rio a fim de rever o desfecho do caso. Além disso, o órgão também vai recorrer da decisão.

Na madrugada desta sexta-feira (19), a juíza de plantão do Juizado Especial do Torcedor e de Grandes Eventos, Tula Corrêa de Mello, determinou que Feigen só poderia deixar o país, depois que ele fizesse a doação ao instituição fundada pelo judoca Flávio Canto. Durante a audiência, o nadador fez um pedido de desculpas à nação e às autoridades que se mobilizaram para a elucidação do caso.

	Ueslei Marcelino/Reuters
	Os nadadores Jack Conger e Gunnar Bentz foram à delegacia para prestar depoimento nesta quinta (18)

DEPOIMENTO

Em depoimento nesta quinta (18), na Delegacia Especial de Atendimento ao Turista, na zona sul do Rio, Feigen disse que sabia da versão "fantasiosa" do colega, o nadador Ryan Lochte que declarou ter sido assaltado. Ele confirmou que houve uma discussão em um posto de gasolina da Barra da Tijuca e pediu desculpas às autoridades.

O nadador não apenas sabia da versão de Lochte como também relatou o roubo em seu primeiro depoimento. Feigen disse em relato na delegacia na tarde de domingo (14) ter sido roubado em US$ 300.

O que chamou a atenção dos policiais, neste primeiro momento, foram as contradições apresentadas por Feigen e Ryan Lochte, 32.

Feigen dizia que os quatro nadadores americanos tinham sido roubados por vários homens, sendo apenas um armado. Já Lochte disse ter sido roubado por um homem apenas.

O CASO

Os nadadores Ryan Lochte, medalha no ouro no revezamento 4 x 200 m, James Feigen, Gunnar Bentz e Jack Conger disseram ter sido assaltados no trajeto entre o Club France, casa com temática francesa localizada na região sul do Rio de Janeiro, e a Vila Olímpica.

Entretanto, a versão foi desmentida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Vídeos de câmeras de segurança mostram os atletas depredando o banheiro de um posto de gasolina na Barra da Tijuca —versão que foi confirmada pelo proprietário do estabelecimento.

Além disso, imagens de câmeras na entrada da Vila Olímpica mostram os atletas chegando ao local em clima descontraído após o suposto incidente, portando pertences como celulares e credenciais.

Durante as investigações, a Polícia Federal chegou a impedir o embarque de dois dos nadadores em um voo para os Estados Unidos e apreendeu seus passaportes.

Depois de deporem à Polícia Civil, eles tiveram os documentos devolvidos e viajaram para o país na noite desta quinta (18).

Ryan Lochte deixou o Brasil um dia antes da Justiça determinar a apreensão de seu passaporte. Antes de vir para a Rio-2016, ele declarou que "estava mais maduro" em relação aos Jogos de Londres-2012, quando "era mais o tipo 'solteirão na balada'."

De acordo com a Polícia, o atleta pode responder por falsa comunicação de crime e depredação do patrimônio.