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Epicentro da Olimpíada, Copacabana festeja a união dos povos

A Barra pode ter sido a vitrine dos Jogos, mas foi em Copacabana que turistas se reuniram para celebrar a Rio-2016, consagrando o bairro, que nunca dorme, como ponto de encontro das torcidas. E assim deve ser até o encerramento no domingo, com gente na praia até de madrugada.

Miguel Sanchez, 23, de Guanajuato, já está no pique. Com seus amigos mexicanos, caminhava às 4h20 desta sexta pela rua Barata Ribeiro, num grupo de "mariachi" cantarolando a alegria de estar na cidade.

Espécie de purgatório da beleza e do caos, Copacabana concentra o maior número de leitos do Rio, segundo a Abih-RJ. Os cerca de 130 hotéis convencionais, além das centenas de albergues, pousadas e acomodações alternativas, conseguiram o recorde de 98% de ocupação.

A economia informal também experimentou dias de sucesso. O ambulante Everton da Silva Mendes, 26, de olho na quantidade de pessoas vindas de todas as partes, trocou de negócio, apostando suas fichas na identidade nacional: passou a vender bandeirolas dos países. "Todo o mundo quer mostrar de onde veio", disse, justificando a estratégia. Ele carregava bandeiras de 30 nações, vendidas a R$ 50 cada uma. "Tem gente que tira a haste e faz da bandeira um acessório, que pode ser uma canga, um turbante, uma capa. Essa turma é animada e consome."

Outro produto concorrido no calçadão eram as réplicas de medalhas. Ambulantes começavam oferecendo a cópia por R$ 50, mas, depois da pechincha, o turista podia levar o bibelô por R$ 20. Foi o que fez a embaixatriz da Ucrânia, Fabia Tronenko, 35, que, brasileira, conhece bem a manha dos vendedores de rua.

Deu a lembrancinha para a filha, Mariana, 11. "Aqui há uma mistura étnica interessante. Você aprende com os povos", afirmou ela, que estudou na Polônia e conheceu o marido na Áustria.

Moradoras de Brasília, onde fica a Embaixada da Ucrânia, foram ao Rio acompanhar a delegação do país. Mariana ficou encantada com a região do Copacabana Palace. "Ali você vê o mundo passando. Mais do que nunca, o Rio de Janeiro continua lindo", refletiu a menina.

JESUS E DRAG QUEEN

Com uma orla de 4 km, Copacabana cedeu suas areias para o vôlei de praia e recebeu também provas de maratona aquática e triatlo. O que não faltou ali foram turistas.

Em sua quinta Olimpíada, a americana Karen Adams, 66, veio ao Brasil num grupo de 22 integrantes do International Sports Chaplain, organização religiosa cuja missão é levar a palavra de Jesus à comunidade do desporto.

"Nossa equipe experimentou uma variedade de línguas, religiões, credos e nacionalidades. Nosso objetivo aqui foi comunicar o amor de Cristo na arena olímpica", explicou. Diante da "megastore" da Rio-2016, procurava aproximar-se das pessoas. "Os brasileiros são receptivos. Quem não quer nos ouvir são europeus e americanos."

"O público da Olimpíada é mais selecionado que o das outras grandes festas, como a Copa, o Carnaval e o Réveillon. Tem maior poder aquisitivo", disse o comerciante paulista Sildo Frutuoso, 44 anos, quase metade deles no Rio. Ele viu triplicar o movimento do seu LF Café e Bistrô, na rua Duvivier, perto da praia, nestes dias de Jogos.

Com tamanha diversidade, Copacabana tornou-se terreno fértil para o trabalho do grupo teatral Azamiga Brasil. Com 12 atores que exageram no "make up", o grupo faz o que consideram um misto de humor nordestino, improviso e "stand-up comedy", na explicação de um deles, Carlos Lima, 23, o Pinicilina, nascido em Fortaleza. "Os paulistas são os mais receptivos. Os gringos acham graça, mas, às vezes, se assustam e correm", contou o ator Leonardo Souza, 23, o Lactopurga.

Também pudera: ao cair da noite, ver aqueles personagens serelepes, com roupa preta dos pés à cabeça, a cara coberta de maquiagem carregada de cores fortes e a cabeça enfeitada por uma peruca espetada e colorida, pode dar um susto até mesmo em quem veio de outro mundo.

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