O jamaicano Usain Bolt, 29, igualou-se a duas lendas do atletismo mundial ao conquistar, na noite desta sexta-feira (19), o tricampeonato olímpico no revezamento 4 x 100 m, no estádio do Engenhão.
O astro atingiu a marca de nove medalhas nos Jogos, todas elas de ouro. É a mesma quantidade que obtiveram o norte-americano Carl Lewis e o finlandês Paavo Nurmi.
Fabrizio Bensch/Reuters | ||
Bolt chega à frente no revezamento 4x100 m |
Há uma estatística, porém, que favorece de maneira incontestável os feitos do caribenho, que se autodenomina uma lenda viva. Diferentemente de Lewis, Bolt jamais foi batido em uma final olímpica.
O jamaicano chegou a disputar os Jogos de Atenas, em 2004, mas parou ainda nas eliminatórias nos 200 m —ele estava acometido de uma lesão.
Desde seu primeiro triunfo, nos 100 m dos Jogos de Pequim, uma hegemonia nunca antes vistas nas pistas.
Com o ouro em equipe na Olimpíada do Rio, completou a tripla tríplice coroa nas três provas de velocidade —detém o recorde mundial de todas.
O desempenho suscitou até comparações com outro fenômeno esportivo da atualidade, o nadador norte-americano Michael Phelps, dono de 28 medalhas olímpicas e que foi seis vezes ao pódio no Rio.
Embora tenha o triplo de láureas que Bolt, cabe uma ressalva. Ao passo que o nadador disputou oito provas em Atenas-2004 e Pequim-2008 e seis em Londres-2012 e no Rio, o caribenho tem programa mais enxuto, com três eventos.
Phelps, inclusive, já foi batido. Nestes Jogos, ficou com a prata nos 100 m borboleta.
Indagado sobre quem seria o maior, Bolt ficou no muro.
"Sabia que vocês [jornalistas] me perguntariam sobre isso [quem é maior, ele ou Phelps]. É cada um no seu esporte. Ele nada, eu corro. Não posso dizer que sou maior, ou que ele é maior. Ele parou, voltou e conseguiu ótimos resultados, fez muito para o esporte. Somos bons em nossas modalidades esportivas", disse.
Nesta sexta-feira, ele fechou o revezamento da Jamaica, que venceu a prova com o tempo de 37s27, seguida do surpreendente Japão (37s60) e do Canadá (37s64).
Bolt correu ao lado de Asafa Powell, Yohann Blake e Nickel Ashmead. Assim que a vitória foi decretada, a organização soltou músicas de Bob Marley para o quarteto, que desfilou com as bandeiras de seu país e do Brasil e dançou.
Da arquibancada vieram gritos de "Usain Bolt, Usain Bolt".
Esperava-se um duelo com os norte-americanos (Mike Rodgers, Justin Gatlin, Tyson Gay e Trayvon Bromell), que foram superados pelo Japão e, posteriormente, acabaram sendo desclassificados pelos árbitros da prova.
"Eu trabalhei muitos anos para isso, ser o melhor. Todo trabalho e determinação compensaram", afirmou Bolt após a vitória nos 200 m, na quinta.
O velocista tem descartado a possibilidade de estender sua carreira até os Jogos de Tóquio-2020, e reitera que deixará o atletismo no Mundial de Londres, no próximo ano.
Provavelmente, em sua cabeça, o domínio já alcançou uma proporção tão grande que não há mais o que conquistar. Ele deu uma mostra disso na última quinta (18).
Um jornalista disparou a seguinte: "Se Bob Marley fosse vivo, e você pudesse pedir a ele para compor uma canção sobre você, qual seria o título?"
Bolt, sem qualquer cerimônia, devolveu de pronto: "O maior de todos os tempos".