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JOGOS NA TV > OPINIÃO

Narradores ficam em saia justa para falar cocô na TV

A palavra cocô não é exatamente daquelas que você lê em poesias ou escuta em comédias românticas, mas, como diriam os americanos, "shit happens", inclusive em uma Olimpíada.

A sexta-feira olímpica foi marcada por uma defecada, obrada, dejetada, cagada mesmo. Foi na marcha atlética de 50 km, com o francês Yohann Diniz, que passou por um dos momentos mais dramáticos dos Jogos do Rio.

Assim como seu compatriota marrento Renaud Lavillenie, aquele do salto com vara, Diniz era recordista mundial e superfavorito à medalha de ouro. Estava mais de dois minutos na frente do segundo colocado, mas começou a sentir fortes dores intestinais, não aguentou e defecou durante a prova. Chegou até a desmaiar, mas voltou e completou o percurso em sétimo lugar. No entanto, ao contrário de Lavillenie, Diniz chegou realizado, com um sorriso no rosto, e depois recebeu novamente atendimento médico.

Jewel Samad/AFP
France's Yohann Diniz is helped by officials after competing in the Men's 50km Race Walk during the athletics event at the Rio 2016 Olympic Games in Pontal in Rio de Janeiro on August 19, 2016. / AFP PHOTO / Jewel SAMAD
Yohann Diniz recebe atendimento médico após ter problema em prova

Curiosamente, na TV alguns canais tentaram ser bem sutis ao mostrar a história. No SporTV, o narrador apresentou a história dizendo que Diniz "teve problemas intestinais... isso que vocês estão vendo foi realmente o que aconteceu", afirmava, economicamente.

Depois, no "Jornal da Globo", uma reportagem também falava da "desgastante prova" e que o atleta precisava de uma "resistência descomunal". Mostrou o desmaio de Diniz e citou o problema intestinal do atleta, sutilmente, e só.

Na volta, William Waack ainda fez um comentário meio cifrado para quem não sabia do caso: "O que aconteceu foi indescritível, a gente nem mostrou pra vocês as piores imagens". Não mostrou, nem falou.

O fato é que Diniz tirou de Lavillenie o título do francês que passou pelo maior perrengue durante a competição.

*

Trauma é trauma. Quem acompanha vôlei há alguns anos sabe. Brasil só pode comemorar contra a Rússia depois do último ponto, no feminino ou no masculino.

Assim como eu, o narrador Luiz Carlos Jr., do SporTV, também tem seus traumas e se segurou mais de uma vez no jogo para não lembrar da virada que o time de Bernardinho levou em Londres. Mas só assumiu quando o jogo acabou: "Confesso uma coisa, fui prudente até o fim, me segurei quando a vitória estava perto, por que? Por causa de Londres" (em 2012 o Brasil venceu dois sets e teve dois match points, mas levou a virada. Esse fantasma já era).

Yves Herman/Reuters
2016 Rio Olympics - Volleyball - Men's Semifinals Russia v Brazil - Maracanazinho - Rio de Janeiro, Brazil - Bruno (BRA) of Brazil reacts. REUTERS/Yves Herman FOR EDITORIAL USE ONLY. NOT FOR SALE FOR MARKETING OR ADVERTISING CAMPAIGNS. ORG XMIT: OLYSS807
Bruninho comemora ponto do Brasil sobre a Rússia
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