Depois de 120 minutos de tensão, a torcida explode com o gol de Neymar. Do palco, o sambista da banda Notícias Populares não perde tempo e puxa o coro em homenagem à Alemanha: "Chooora, não vou negar. Chegou a hora, vais me pagar, pode chorar!". No gogó dos frequentadores da Vila Madalena, "Vou Festejar" vira o hino da revanche.

O bairro boêmio, que se transformou numa micareta permanente da torcida na Copa de 2014, estava lotado para a final olímpica. Mas, mesmo com as esquinas da rua Aspicuelta abarrotadas, o clima era diferente. Pouca gente vestia verde e amarelo, e a maioria das bandas não parou de tocar durante a partida. "Foi muita decepção desde a Copa, não me animei", diz Luis Cesar da Silva, mais perto da banda que do telão do bar Municipal.

As amigas Ana Flavia Magno, Daniele Reis e Celiane Sousa foram a caráter ao Posto 6, mas estavam morrendo de medo. "Assistimos ao 7 a 1 juntas também, mas dessa vez não pode dar errado", diz Ana, no começo do jogo. "Vestimos verde e amarelo para dar sorte. E botei lingerie branca pela paz", diz Celiane. "E eu, vermelha pra atrair gringo", ri Ana. "Viemos torcer aqui na Vila Madalena para depois consolar os alemães."

Até o fim do jogo, não apareceu nenhum alemão para consolar, mas Celiane já estava acompanhada.

Na outra esquina, no Boteco São Bento, um casal formado por brasileira e alemão assiste à partida, cada um com a camisa da sua seleção. "Vamos comemorar de qualquer jeito", diz Daniella Burlim. "Torço pra Alemanha, mas o Brasil merece e precisa ganhar para a autoestima do povo", diz Konrad Singer, para quem os estrangeiros não entendem as vaias dos brasileiros, polêmica da Olimpíada.

"O buuu não é agressivo, é o jeito do brasileiro. É uma forma de apoiar o Brasil. Todo mundo me trata bem aqui." O filho Oliver é o único que torce só para a Alemanha e sai sem festejar. Singer admite a derrota com um sorriso: "O melhor time ganhou".