A imagem dos velocistas Usain Bolt e Elaine Thompson, da Jamaica, e a do fundista Mo Farah, da Grã-Bretanha, certamente ficarão gravadas na memória de quem acompanhou as provas de atletismo da Rio-2016.
Os astros, porém, não fizeram com que seus países ameaçassem o domínio dos EUA no esporte. Com 32 medalhas, sendo 13 de ouro, os americanos subiram mais vezes ao pódio que Jamaica e Quênia somados (24, ao todo). A última medalha americana foi obtida na maratona, neste domingo (21), com o bronze de Galen Rupp.
No Mundial de Pequim, em 2015, quenianos e jamaicanos, somados, superaram a principal potência em número de ouros (sete dos dois países contra seis dos americanos) e ficaram bem mais próximos no número total de medalhas (16 dos africanos, 12 dos caribenhos e 18 dos EUA).
Na ocasião, mais cinco países obtiveram pelo menos oito medalhas: Etiópia, Polônia, Canadá, Alemanha e China. No Rio, ninguém além das três principais forças chegou a esse número.
O domínio americano foi maior do que nos Jogos de Londres-2012, quando o país conquistou 28 medalhas, sendo nove de ouro. Na ocasião, a Rússia, que foi suspensa do atletismo na Olimpíada do Rio por conta de um escândalo de doping, ficou em segundo no quadro de medalhas do esporte.
A ausência dos russos pode ter afetado a distribuição de medalhas, mas no Mundial chinês o número já havia caído bastante em comparação com Londres —de 15 para quatro.
Em um ano, as mulheres americanas saíram de dois ouros no Mundial para seis na Olimpíada, e os homens passaram de quatro para sete.
Ren Zhenglai/Xinhua | ||
English Gardner, Tori Bowie, Tianna Bartoletta e Allyson Felix, dos EUA, comemoram resultado no revezamento 4 x 100 m |
SEM BADALAÇÃO
Dos 13 ouros dos EUA no Rio, seis foram em provas de campo, como arremessos e saltos, que são menos badaladas que as competições de pista.
Mesmo nas provas de corrida, os ouros nos revezamentos 4 x 400 e em disputas com barreiras também receberam menos destaque que feitos como o de Bolt (ouro nos 100 m, 200 m e 4 x 100 m), Thompson (ouro nos 100 m e nos 200 m) ou Farah (ouro nos 5.000 m e 10.000 m).
Se não superaram a principal potência olímpica mundial em montante de medalhas, os jamaicanos mantiveram sua hegemonia nas provas de velocidade, que são as mais badaladas do atletismo.
À exceção do revezamento 4 x 100 m feminino, os EUA viram caribenhos triunfarem em todas as outras provas de sprint. No 4 x 100 m masculino, depois de terem sido superados pelo Japão na pista, os norte-americanos ainda acabaram desclassificados.
"Deve ser a situação mais azarada para nosso país que eu já vivi. Sempre acontece alguma coisa estranha ou estúpida. Erros simples sempre nos custam muito", afirmou Tyson Gay, um dos integrantes do revezamento dos EUA. "Foi um pesadelo", resumiu o principal nome do quarteto, Justin Gatlin.
Pedro Ugarte/AFP | ||
Tyson Gay, Justin Gatlin e Michael Rodgers após a desqualificação no revezamento 4 x 100 m |