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Intolerância nas redes cai durante Olimpíada do Rio

Levantamento da agência nova/sb com a empresa de monitoramento digital Torabit mostrou que as manifestações de intolerância foram "menos recorrentes" nas redes sociais brasileiras durante a Rio-2016.

O dado mais significativo é quanto ao racismo. Em pesquisa realizada entre abril e junho, as menções de caráter negativo à raça haviam alcançado 97,6% do total. Entre 5 e 21 de agosto, elas caíram para 39,2%.

Nas outras duas categorias de intolerância monitoradas pela pesquisa, misoginia (aversão a mulheres) e homofobia (a homossexuais), também foram observadas quedas, mas menores.

As menções negativas às mulheres caíram de 88% para 84,5%. E aquelas relativas aos homossexuais caíram de 93,5% para 84,5%.

O próprio relatório alerta que "ainda assim as percentagens de menções negativas foram altas, mostrando um longo caminho a percorrer para reduzir os preconceitos no meio digital".

No levantamento, a rede social com maior presença foi o Twitter, que foi usado como "segunda tela", para registrar comentários imediatos, pelos telespectadores que assistiam às transmissões esportivas pela TV.

Outras plataformas foram monitoradas na amostragem da Torabit, como Facebook, Instagram, YouTube, Pinterest, Medium e Google+. Também foram acompanhados comentários nos principais blogs, sites e portais.

Intolerância nas redes sociais diminui com Jogos - Monitoramento (menções negativas) anterior e posterior à Olimpíada, nas redes sociais*

ESPÍRITO OLÍMPICO

Para Bob Vieira da Costa, sócio-fundador da nova/sb e ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (FHC), "antes da Olimpíada, estávamos num momento muito agressivo, muito polarizado" no país.

Já a Rio-2016 "foi um momento que deu refresco para o brasileiro", depois de meses de radicalização nas redes sociais, e "realmente diminuiu bastante a intolerância, foi significativo, principal na questão do racismo".

Ele observa que, no monitoramento anterior, entre abril e junho, "a grande maioria das menções era de intolerância política, que de certa forma acaba puxando esta outra agenda bastante agressiva".

Para Stephanie Jorge, coordenadora de mídias sociais da Torabit, "os episódios com os atletas na Olimpíada serviram para que as pessoas trouxessem esses três assuntos, mas de maneira mais positiva do que no período anterior".

Por exemplo, em relação ao racismo, a judoca Rafaela Silva "foi bastante citada, porque há quatro anos tinha sido hostilizada nas redes, com comentários racistas, e agora trouxeram esse assunto de novo, só que desta vez defendendo Rafaela e denunciando o que tinha acontecido".

Para ela, "o chamado espírito olímpico contaminou as redes para o bem". Por outro lado, Vieira da Costa prevê que, passados Jogos, "a gente vai voltar, sim, a ver um aumento na intolerância", com o impeachment e a eleição municipal.

"Acredito que vamos ter uma reintensificação da intolerância", diz. "Mas imagino também que será um pouco mais amena. Nós estávamos muito... O grau de agressividade vai diminuir um pouco. Não muito, um pouquinho".

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