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Acendimento da tocha ganha tom épico na abertura da Paraolimpíada

Por casualidade do destino e sorte dos organizadores da abertura dos Jogos Paraolímpicos do Rio, nesta quarta (7), no Maracanã, o que se desenhava com muita simplicidade e rapidez e pouco impacto, ganhou contornos épicos em seu momento mais emblemático, o acendimento da tocha.

O esforço dos atletas condutores para atingir o objetivo, no caso levar o fogo até a pira paraolímpica, ganhou o ápice com uma chuva torrencial que caiu sobre o estádio.

A corredora Márcia Malsar, que ganhou ouro nos Jogos de Nova York, em 1984, com o auxílio de uma bengala, foi a segunda a levar a tocha. Ela se desequilibrou no meio do trajeto e caiu no chão. Rapidamente ajudada, ela foi ovacionada pelo público.

O nadador Clodoaldo Silva, 37, um dos maiores medalhistas paraolímpicos do Brasil, foi o responsável por completar a cena que deve entrar para a história. Encharcado, ele se aproximou da pira e se indignou, cenograficamente, por ela ficar no topo de uma escada. Em instantes, uma rampa surgiu e ele completou a missão. A prometida mensagem inclusiva proposta pelo evento estava salva.

Durante o espetáculo, queimas de fogos rápidas como o efeito de uma fagulha, um salto-mortal em cadeira de rodas que quem piscou não viu, breves enfrentamentos de ideologias políticas (especialmente as vaias a Temer) deram tônica de ligeireza à cerimônia de abertura.

Embora tenha reservado momentos de muita emoção ao público, como quando centenas de guarda-sóis formaram a bandeira do Brasil no centro do estádio do Maracanã ou quando crianças com deficiência seguraram a bandeira paraolímpica, era nítida a simplicidade das exibições e de seus efeitos.

Também se avistavam porções completamente vazias tanto na área das apresentações, como nas arquibancadas, o que não aconteceu no evento olímpico.

O público, porém, respondia aos apelos do evento com entusiasmo, gritos e palmas.

Durante a entrada das delegações, os espectadores mostravam maior entusiasmo no desfile das delegações latino-americanas ou de países pobres da África. A aparição dos times da Palestina e da Síria também causou alvoroço e comoção.

Mas foi mesmo o elenco brasileiro o que levou euforia completa ao Maracanã, recepção semelhante a que recebeu a equipe olímpica.

A delegação, embalada por "O Homem Falou", de Gonzaguinha, fechou o desfile ao mesmo tempo que ficou pronta no centro do estádio a montagem de quebra-cabeça gigante com imagem de um coração pulsante bem produzido, mas pouco impactante visualmente.

GAFE INCLUSIVA

Durante os discursos das autoridades envolvidas na organização do evento, não havia nos telões janela de tradução para libras (língua brasileira de sinais) nem legendas das falas, o que impediu a compreensão autônoma de surdos às mensagens.

No pré-show de abertura, comandado pelo escritor Marcelo Rubens Paiva, um dos idealizadores do espetáculo, que dividiu o palco com a apresentadora Fernanda Lima, também não houve recursos para pessoas com deficiência auditiva.

Por outro lado, o balé e o gingado sobre duas próteses de pernas entoados pela bailarina norte-americana Amy Purdy, ao lado de uma máquina robótica chamada Kuka, falaram por si só e criaram uma atmosfera de respeito e entendimento à diversidade.

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