São 22 esportes que agrupam de 13 formas diferentes os 10 tipos de deficiências dos atletas que participam da Paraolimpíada do Rio.
O resultado são mais de 100 tipos diferentes de provas no total.
E cada esporte tem sua própria regra para avaliar os atletas e garantir que as competições sejam equilibradas.
Entenda abaixo como funciona essa classificação.
Para que é feita a classificação de atletas?
Para garantir o equilíbrio entre competidores com deficiências de graus diferentes.
Quem faz a classificação?
Uma comissão composta por médicos, fisioterapeutas e profissionais da área esportiva.
O que é avaliado?
- A lesão ou patologia do atleta
- O potencial do atleta considerando a lesão ou patologia
- O impacto que as limitações trazem ao desempenho esportivo do competidor
Quais as deficiências dos atletas paraolímpicos?
- de potência muscular
- de movimento
- de membro
- no comprimento da perna
- baixa estatura
- de tônus muscular (hipertonia)
- de coordenação muscular (ataxia)
- de controle dos movimentos (atetose)
- visual
- intelectual.
[diversidade de opções ] - Provas oferecidas para diferentes formas de comprometimento
Atletas com deficiências diferentes podem competir no mesmo esporte?
Alguns esportes são disputados apenas por deficientes visuais, como judô, futebol de 5 e goalball. Outros são apenas para cadeirantes, como tênis.
Há esportes disputados por deficientes de vários tipos, mas cada um em sua categoria, como atletismo ou tênis de mesa.
E outros em que diferentes deficiências fazem parte da mesma equipe, como a vela, o remo e o adestramento hípico.
E se um atleta disputar mais de um esporte?
Como a classificação leva em conta o impacto da limitação para o desempenho esportivo, ele precisa fazer uma avaliação diferente para cada esporte.
No caso de patologias progressivas (que podem se agravar com o tempo), ele precisará ser avaliado periodicamente.
O que são as letras e números de cada classe de competição?
Números: indicam o grau de comprometimento —em geral, quanto menor o número, mais grave a deficiência.
Letras podem indicar
- o tipo de esporte (na natação, por exemplo, S é estilo livre, de costas ou borboleta, SB é nado de peito)
- o tipo de deficiência (no remo, AS é comprometimento de braços e ombros, TA, de troncos e braços, e LTA, de pernas, troncos e braços)
Quais os critérios de divisão por categorias?
Cada esporte tem o seu.
Veja abaixo as regras para cada um deles (o site do Comitê Olímpico Internacional –IPC detalha os parâmetros médicos e físicos de classificação). Para saber mais sobre as regras do esporte, clique no nome de cada um deles:
[ equilíbrio complexo ] - Número de categorias disputadas em cada esporte na Paraolimpíada de 2016
Quem compete: todas as deficiências, em categorias diferentes
- T: provas de pista (corrida e saltos)
- F: provas de campo (arremesso e lançamento)
Quanto menor for o número associado, maior é o grau de deficiência do atleta.
Washington Alves - 23.jul.2013/Divulgação/MPIX/CPB |
O brasileiro Alan Fonteles (dir.), nos 100m T43 |
- 11-13 - Atletas com deficiência visual
- 20 - Atletas com deficiência intelectual
- 31-38 - Atletas com coordenação limitada (31 a 34 para cadeirantes)
- 40-41 - Atletas de baixa estatura
- 42-44 - Atletas com deficiências nos membros inferiores
- 45-47 - Atletas com deficiências nos membros superiores
- 51-57 - Atletas que competem em cadeiras
Quem compete: cadeirantes
Os atletas são classificados de 1.0 a 4.5, de acordo com sua capacidade funcional; quanto menor for o número, maior o grau de deficiência. A soma dos pontos dos jogadores de um time em quadra não pode ultrapassar 14.
Quem compete: atletas com comprometimento motor e cadeirantes
Os atletas competem em quatro classes, todas em cadeiras de rodas:
- BC1 - Atletas com limitações de coordenação nas pernas, braços e tronco. Conseguem arremessar a bola sem o auxílio de equipamentos.
- BC2 - Atletas com limitações mais leves de coordenação no tronco e nos braços. São capazes de lançar a bola de formas variadas.
- BC3 - Atletas com severas limitações de coordenação nos braços, nas pernas e no tronco. Podem usar rampas ou outros equipamentos para auxiliá-los no lançamento da bola.
- BC4 - Atletas com limitações não relacionadas a problemas cerebrais. São capazes de lançar a bola com uma ou as duas mãos.
Attila Volgyi - 25.mai.2014/Xinhua |
Alemães Ronald Rauhe e Tom Liebscher, 200 m K2 |
Quem compete: deficientes físicos
- KL1 - Atletas com pouco ou nenhum funcionamento das pernas e do tronco
- KL2 - Atletas com funcionamento parcial das pernas e do tronco
- KL3 - Atletas com funcionamento parcial das pernas e do tronco, são capazes de utilizar pelo menos um dos membros inferiores
Luke MacGregor - 7.set.2012/Reuters |
Prova individual da categoria H3, estrada |
Glyn Kirk - 6.set.2012/AFP |
Prova de individual C1-3, em estrada |
Quem compete: amputados, deficientes visuais, atletas com paralisia cerebral e outras deficiências
Há provas de pista e de estrada
- C1-C5 - Atletas amputados, com potência muscular ou coordenação limitadas, que competem em bicicletas normais. Quanto menor for o número associado, maior é o grau de deficiência do atleta.
- H1-H5 - Atletas com capacidade limitada nas pernas, nos braços e no tronco, usam handbikes (modelos de bicicleta em que o impulso é dado com as mãos). Quanto menor for o número associado, maior é o grau de deficiência do atleta.
- T1-T2 - Atletas com coordenação e equilíbrio limitados, competem em triciclos. T1 indica limitação mais severa
- TB - Atletas com deficiência visual, competem na bicicleta tandem, com dois assentos (o ciclista que vai na frente não tem deficiência visual)
Yuri Maltsev - 11.mar.2011/Reuters |
Centro de treinamento em Vladivostok (Rússia) |
Quem compete: cadeirantes e deficientes físicos
- A - Atletas com boa capacidade funcional no tronco, capazes de realizar movimentos rápidos em todas as direções e sem limitações no braço com o qual empunham a espada
- B - Atletas com capacidade funcional limitada no tronco ou no braço com o qual empunham a espada
HIPISMO (ADESTRAMENTO)
Quem compete: todos os deficientes
Mike Clarke - 11.set.2008/AFP |
O brasileiro Marcos Alves com medalha do grau 1b |
- 1a - Atletas com limitações severas de funcionalidade nos quatro membros e no tronco
- 1b - Atletas com limitações severas de funcionalidade no tronco e mínimas nos braços, ou com limitações moderadas no tronco, nos braços e nas pernas
- 2 - Atletas com limitações severas de funcionalidade nas duas pernas, com limitação mínima ou inexistente no tronco ou limitação moderada nas pernas, nos braços e no tronco
- 3 - Atletas com limitações severas de funcionalidade ou deficiência nos dois braços ou limitação moderada nos quatro membros. Atletas de baixa estatura ou deficiência visual severa também competem nesta classe.
Daniel Zappe/MPIX/CPB |
Ricardinho, da seleção brasileira de futebol de 5 |
- 4 - Atletas com limitação de força ou movimento em dois membros ou deficiência em um membro. Atletas com deficiência visual moderada também competem nesta classe.
Quem compete: deficientes visuais severos (com exceção do goleiro)
Todos os jogadores usam vendas, exceto o goleiro, que enxerga, mas não pode deixar a área. A bola tem guizos para orientação.
Paul Ellis - 7.set.2012/AFP |
O russo Ivan Potekhin (dir.) faz gol no futebol de 7 |
Quem compete: atletas com paralisia cerebral ou comprometimento motor provocado por lesão cerebral; com capacidade de andar independentemente
Os jogadores são classificados de C5 a C8, de acordo com a capacidade de controle dos membros e coordenação na corrida. C5 são mais comprometidos, C8 são menos comprometidos.
É preciso haver ao menos um atleta C5 ou C6 em campo durante o jogo e no máximo um C8
Ricardo Borges - 8.set.2015/Folhapress |
Demonstração da selecao brasileira de goalball |
Quem compete: deficientes visuais
Todos os atletas participantes são vendados, o que equilibra eventuais diferenças nos graus de deficiência.
A bola tem guizos para orientação e a plateia precisa manter silêncio durante toda a partida.
Rouelle Umali/Xinhua |
Treino da filipina Adeline Dumapong-Ancheta |
Quem compete: Atletas com oito tipos diferentes tipos de deficiências, todas nos membros inferiores ou no quadril.
As deficiências dos atletas não afetam os músculos necessários para o esporte, por isso não há divisão entre elas.
Os participantes são divididos por classes de peso, como nas provas olímpicas
Quem compete: deficientes visuais
Não há divisão por grau de deficiência visual.
Os atletas são divididos por peso, como no judô olímpico.
Antes do início ou reinício da luta, o juiz posiciona as mãos dos lutadores no quimono do adversário
Suzanne Plunkett - 8.set.2012/Reuters |
A canadense Amber Thomas, nos 200m SM11 |
Quem compete: todos os deficientes
- S: estilos livre, de costas e borboleta
- SB: nado de peito
- SM: medley
Dentro de cada categoria, há divisões de acordo com o comprometimento das funções
- 1-10: nadadores com deficiência física.
Quanto menor a classe, maior o comprometimento motor ou a deficiência.
Numa mesma classe, há nadadores que podem largar já de dentro da piscina, de acordo com a deficiência
- 11-13: deficientes visuais, do maior para o menor comprometimento
- 14: deficientes intelectuais
Jan Kruger |
Atletas LTA-PD e LTA-VI em prova de remo |
Quem compete: deficientes físicos e visuais
- AS - Atletas com funcionalidade limitada ou inexistente nas pernas e no tronco, usam os braços e os ombros para impulsionar o barco
- TA* - Atletas com boa funcionalidade nos braços e no tronco, mas não são capazes de utilizar o assento móvel para remar
- LTA-PD - Atletas com limitação física que são capazes de usar os braços, pernas e tronco para impulsionar o barco e também o assento móvel para remar.
- LTA-VI - Atletas com deficiência visual
- Os atletas das classes LTA-PD e LTA-VI competem juntos na prova LTA quatro com misto.
Quem compete: deficientes físicos
Atletas recebem pontos de 0,5 (maior comprometimento) para 3,5 (mínimo comprometimento).
Cada time pode somar no máximo 8 pontos em quadra, ou seja, as equipes precisam equilibrar jogadores com deficiência leve com outros de deficiência mais severa, para não estourar o limite máximo de pontos
Toby Melville - 30.ago.2012/Reuters |
A brasileira Bruna Alexandre, atleta da classe 10 |
Quem compete: deficientes físicos ou intelecutais
- TT1-TT5 - Atletas com deficiência física que competem em cadeiras de rodas; 1 indica maior comprometimento motor e 5, menor comprometimento
- TT6-TT10 - Atletas com deficiência física que competem de pé;; 6 indica maior comprometimento e 10, menor comprometimento
- TT11 - Atletas com deficiência intelectual que competem de pé
Quem compete: cadeirantes
- Open: atletas com limitação permanente e significativa em uma ou nas duas pernas e condição funcional normal nos braços
- Quad: atletas com limitação permanente e significativa nas pernas e no braço com o qual jogam e que têm limitações de deslocamento e para manusear a raquete
Quem compete:: deficientes físicos
- W1 - Os atletas competem em cadeiras de rodas, pois suas deficiências limitam as funções das pernas e do tronco, além de comprometerem os braços
- Open - Os atletas competem em cadeiras de rodas ou de pé, com a ajuda de apoios, pois suas deficiências limitam as funções das pernas e do tronco, ainda que os braços não sejam afetados
Quem compete: Cadeirantes e deficientes físicos
Getty Images |
Treino do neozelandês Michael Johnson |
- SH1 (Pistola) - Atletas com limitação funcional nos braços ou nas pernas, capazes de utilizar a arma sem equipamentos auxiliares
- SH1 (Carabina) - Atletas com limitação funcional nas pernas, capazes de utilizar a arma sem equipamentos auxiliares
- SH2 (Carabina) - Atletas com limitação funcional nos braços, precisam do auxílio de um suporte para usar a arma
TRIATLO Natação (750 m), ciclismo (20 km) e corrida (5 km)
Quem compete: deficientes físicos e visuais
- PT1 - Atletas que utilizam uma handcycle (bicicleta em que o impulso é dado com as mãos) na etapa de ciclismo e uma cadeira de rodas na fase da corrida
- PT2-PT4 - Atletas que utilizam bicicletas convencionais adaptadas na etapa de ciclismo
- PT5 - Atletas com deficiência visual que competem com guias do mesmo gênero e da mesma nacionalidade ao longo do percurso. Na prova de ciclismo, usam a tandem (bicicleta com dois assentos).
Luke MacGregor - 2.set.2012/Reuters |
Australianos Liesl Tesch e Daniel Fitzgibbon em Skud-18 |
Quem compete: todos os deficientes
Atletas recebem de 1 a 7 pontos, de acordo com o grau de comprometimento; 1 indica maior comprometimento e 7, para deficiências mais leves
- Sonar: equipes mistas de três pessoas; o somatório dos três tripulantes não pode passar de 14 pontos
- Skud-18: cada barco deve conter um homem e uma mulher, sendo que um deles deve ter classificação 1 ou 2.
- 2.4mR: individual
Glyn Kirk - 31.ago.2012/AFP |
Partida entre Grã Bretanha e Ucrânia, em Londres |
Quem compete: Deficientes físicos e amputados
Atletas são divididos em duas classes, MD (deficiência mínima) e D (deficiência).
Cada time pode ter apenas um MD em quadra por vez.
Os casos mais comuns de MD são, por exemplo, ligamentos do joelho rompidos ou a perda de dedos