O nadador norte-americano Ryan Lochte foi suspenso por dez meses por mentir sobre um assalto em um posto de gasolina durante a Rio-2016. A punição foi anunciada pelo Comitê Olímpico dos Estados Unidos e a federação norte-americana de natação, em conjunto, nesta quinta-feira (8).
A suspensão é válida até 30 de junho de 2017. Com isso, o atleta está fora do Campeonato Mundial de natação de 2017. Além de Lotche, os nadadores Gunnar Bentz, Jack Conger e Jimmy Feigen, todos envolvidos na polêmica, também foram suspensos –estes até 31 de dezembro.
Durante a suspensão, Lochte não receberá nenhuma bolsa paga por entidades esportivas dos EUA e não terá acesso a instalações de treinamento do Comitê Olímpico dos Estados Unidos. Ele também não terá direito ao bônus de US$ 25 mil (R$ 80 mil), que receberia pela medalha de ouro conquistada no Rio.
O nadador terá ainda de realizar 20 horas de serviços comunitários e vai perder a visita da equipe olímpica de seu país à Casa Branca.
"Como já dissemos anteriormente, o comportamento desses atletas não foi aceitável. Difamaram injustamente nossos anfitriões e desviaram para longe a atenção das conquistas históricas da equipe dos EUA", disse o diretor-geral do Comitê Olímpico dos EUA, Scott Blackmun. "Cada um dos atletas aceitou a responsabilidade por suas ações e aceitou as sanções".
A mentira no Rio de Janeiro já fez o nadador perder seus principais patrocinadores.
A marca de materiais esportivos de natação Speedo USA, a empresa de estética Syneron Candela, a marca de roupas Ralph Lauren e a fabricante de colchões Airweave anunciaram que não apoiarão mais o atleta.
Esses quatro eram os principais patrocinadores do nadador, que detém doze medalhas olímpicas, incluindo um ouro na Rio-2016, na prova de revezamento 4 x 200 m.
ENTENDA O CASO
A polêmica envolvendo quatro nadadores dos EUA começou durante a Olimpíada do Rio, quando Ryan Lochte, 32, afirmou ter sido assaltado na madrugada, quando voltava à Vila Olímpica depois de sair de uma casa temática da França na Lagoa Rodrigo de Freitas.
Ele estava acompanhado por outros três nadadores: Gunnar Bentz, Jack Conger e Jimmy Feigen.
Três dias depois, a Justiça do Rio entendeu que havia divergências nos relatos dos atletas e determinou a apreensão dos passaportes dos nadadores norte-americanos Ryan Lochte e Jimmy Feigen. Com a medida, eles estariam impedidos de sair do Brasil. Lochte, porém, já havia deixado o país 24h antes do impedimento da Justiça.
A Polícia Federal, então, impediu o embarque de dois nadadores americanos, Gunnar Bentz e Jack Conger, em um voo com destino aos Estados Unidos. Eles foram impedidos de deixar o Brasil até prestarem esclarecimentos à Polícia Civil sobre o suposto assalto, na quinta (18).
A Folha esteve no posto de gasolina em que os atletas disseram ter sido assaltados e entrevistou o dono do estabelecimento, que pediu para não ser identificado. Ele afirma que os americanos "não entraram no banheiro. Começaram a urinar no jardim e na parede na lateral da loja".
Câmeras de segurança do posto gravaram o ocorrido. As imagens foram exibidas pela TV Globo.
Os policiais concluíram que os atletas se envolveram em uma briga quando retornavam à Vila Olímpica e que não houve um assalto.
O comitê olímpico dos EUA e Ryan Lochte pediram desculpas ao Brasil.
Além de possíveis perdas com patrocinadores, Lochte pode sofrer punições também no âmbito esportivo. O diretor-geral do Comitê Olímpico dos Estados Unidos, Scott Blackmun, prometeu neste domingo (21) que os quatro atletas americanos da equipe de natação devem receber sanções em breve.