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Suspeitos de associação com terrorismo na Olimpíada são denunciados à Justiça

O grupo investigado na Operação Hashtag, suspeito de planejar um atentado terrorista nos Jogos da Rio-16, foi denunciado nesta sexta (16) à Justiça Federal do Paraná.

Eles são acusados dos crimes de promoção de organização terrorista e associação criminosa. É a primeira denúncia oferecida no Brasil por esses crimes, previstos na Lei Antiterrorismo, promulgada este ano.

Dos 15 investigados, oito foram denunciados e estão presos preventivamente em Campo Grande (MS). Um dos que não foram denunciados também teve prisão preventiva decretada.

Os denunciados foram: Alisson Luan de Oliveira, 19 anos; Leonid El Kadre de Melo, 32; Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo, 27; Israel Pedra Mesquita, 26; Levi Ribeiro Fernandes de Jesus, 21; Hortêncio Yoshitake, 29; Luís Gustavo de Oliveira, 27; e Fernando Pinheiro Cabral, 22.

Dos oito, cinco também são acusados de incentivo de crianças e adolescentes à prática de crimes, e um deles, de recrutamento para organização terrorista.

Denunciados -

Os planos eram discutidos pelo aplicativo Telegram e por e-mail, com frequentes apologias ao Estado Islâmico. Ramificado em sete Estados, o grupo começou a ser monitorado em março, depois de a PF receber um alerta do FBI.

"Não se trata apenas de postagens. Eles aderiram à causa e buscavam que terceiros também aderissem", afirmou o procurador Rafael Brum Miron, que fez a denúncia.

Um arquivo de áudio divulgado pelo Ministério Público Federal mostra um dos denunciados falando no recrutamento de uma organização terrorista.

Ouça Aqui

O grupo cogitou usar armas químicas no ato e contaminar uma estação de abastecimento de água, conforme revelou a Folha.

Apesar de os investigados não terem tomado medidas concretas, como a compra de armas ou a estruturação de um plano para um eventual atentado, Miron afirma que a promoção à organização terrorista foi caracterizada pelas mensagens, e que havia risco à ordem pública.

"No Brasil, a gente não vive essa realidade [do terrorismo]. Se a gente estivesse na França, talvez a discussão seria completamente diferente", disse o procurador. "Não são atos isolados. Há um contexto bem maior, de adesão."

Mario Angelo/Sigmapress/Folhapress
Suspeitos de ligação com o terrorismo são conduzidos por policiais no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos
Suspeitos de ligação com o terrorismo são conduzidos por policiais em São Paulo

PRISÕES

Na noite desta sexta (16), o juiz federal Marcos Josegrei da Silva acatou o pedido do Ministério Público e decretou as prisões preventivas dos oito denunciados. Um dos que não foram denunciados também teve prisão preventiva decretada.

Outros seis investigados foram soltos –três deles com tornozeleiras eletrônicas.

O magistrado ainda não decidiu, porém, sobre o recebimento das denúncias.

Todos os investigados estavam presos temporariamente desde a deflagração da operação, entre os meses de julho e agosto.

Não denunciados - O Ministério Público Federal pediu...

OUTRO LADO

Em depoimentos recentes à Polícia Federal, parte dos investigados voltou atrás e disse não apoiar o Estado Islâmico ou concordar com o terrorismo.

Um dos denunciados (Luís Gustavo de Oliveira) disse que postagens sobre a produção de uma bomba caseira eram "apenas uma brincadeira", e outro (Oziris Azevedo) afirmou que "em nenhum momento passou pela cabeça aderir à convocação para doutrinação e treinamento físico".

Outro dos denunciados, Levi Fernandes de Jesus, ainda afirmou que o islamismo fez parte de "uma fase de confusão mental", e disse ter se convertido ao cristianismo recentemente.

A maioria dos presos, porém, permaneceu em silêncio quando perguntada sobre os planos do atentado terrorista ou sua simpatia pelo Estado Islâmico.

A Folha não conseguiu contato nesta sexta (16) com os advogados dos denunciados.

Estado Islâmico - Entenda a facção terrorista

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