"Ninguém"
é o português
mais famoso no Brasil
da
reportagem Local
Sabe quem é a primeira pessoa famosa que vem à
cabeça do carioca quando ele pensa em Portugal? Ninguém.
Para 48% dos brasileiros entrevistados pelo Datafolha no Rio
de Janeiro, a resposta a essa pergunta é um branco
na cabeça.
Entre esses 48%, a resposta "não sei" foi
a grande maioria, com 37%. Os 11% restantes responderam simplesmente
"ninguém".
Sem contar, então, quase metade da população,
o português mais famoso do Brasil é o cantor
Roberto Leal. É ele que vem à cabeça
de 15% dos brasileiros -sendo que, na faixa etária
dos 25 aos 40 anos, é citado por 22%. A razão
é simples: esses brasileiros eram crianças ou
adolescentes quando "Bate o Pé" estourou
nacionalmente no fim dos anos 70.
Já o navegador Pedro Álvares Cabral, segundo
português mais citado no total (9%), foi lembrado por
15% dos que têm entre 16 e 24 anos, exatamente aqueles
que tem as aulas de história mais frescas em suas memórias.
No extremo oposto está o poeta Camões, terceiro
português mais citado (4%), que tem sua maior força
entre os maiores de 40 -foi lembrado por 6% desses.
"Caravela
da Saudade"
Quando questionados especificamente sobre Camões, entretanto,
75% dos brasileiros declararam conhecê-lo. Também
tiveram boas médias os escritores Fernando Pessoa (71%)
e Eça de Queiroz (56%), além da cantora Amália
Rodrigues (52%). Já o vencedor do Prêmio Nobel
de Literatura em 98, José Saramago, é conhecido
por apenas 30% dos brasileiros.
Isso não significa que Saramago não seja um
bom vendedor de livros por aqui. Segundo a Companhia das Letras,
que editou no país 15 de suas obras, Saramago já
vendeu 253.100 exemplares. Para que se tenha uma idéia
do que isso representa, os 17 títulos de Rubem Fonseca
publicados pela mesma editora alcançaram 365.100 cópias.
O
mercado editorial brasileiro não tem pesquisa sobre
a vendagem dos autores portugueses no Brasil. A indústria
fonográfica também não.
A mais recente incursão musical portuguesa no país
é o conjunto pop Madredeus, que já esteve duas
vezes no Brasil. Seus seis discos, lançados aqui a
partir de 93, venderam 135 mil cópias, segundo a EMI.
É mais ou menos o que vendeu, ainda segundo a EMI,
o Blur, grupo de pop britânico queridinho da mídia,
em cinco álbuns.
Já na TV, a participação portuguesa é
quase nula -sem contar, é claro, canais que chegam
via cabo. Não se tem notícia, por exemplo, de
que um programa produzido totalmente em Portugal tenha sido
exibido regularmente no Brasil.
Mas
já houve parcerias entre emissoras brasileiras e portuguesas,
como entre outubro de 92 e fevereiro de 93, quando a Rede
Cultura e a RTP (Rádio e Televisão Portuguesa)
produziram o "Em Português Nos Entendemos",
programa quinzenal, ao vivo, que debatia a cultura dos dois
países.
Hoje, o que se vê de português resume-se a Roberto
Leal, recebendo convidados e cantando seus fados em um programa
semanal, às quintas, na CNT/ Gazeta, que não
chega a ultrapassar dois pontos de audiência (cerca
de 160 mil telespectadores na Grande São Paulo).
Ele próprio se lembra apenas de um outro programa com
cara portuguesa na televisão brasileira. "Havia
um nos anos 60, na TV Tupi. Era a "Caravela da Saudade"."
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