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SUDESTE
Diamantina (MG)
Nos rochedos de Minas Gerais, meninos explicam como fazem
papagaio e peteca e se dedicam aos jogos do garrafão e
da estrela-novo-toco; meninas se divertem com suas pedrinhas
Para ir ao céu tem de levar tanta
pancada?
Fábio
Correa/Folha Imagem |
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Meninos
brincam de garrafão
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da enviada a Diamantina
Para soltar pipa em Diamantina, os meninos procuram o vento forte
do alto dos rochedos que cercam a cidade. Lá de cima, avistam pequenos
riachos, restos de garimpos extintos e o casario histórico que data
dos idos de 1700.
A turma de garotos é formada pelos irmãos Indiano Woonder de Almeida
Costa, 13, Indiomar de Almeida Costa,12, e seus amigos Fabrício Santos
Silva, 11, e Johnny Angelo Ferreira Santos, 9. Indiano explica que
eles mesmos fazem alguns de seus brinquedos, como a pipa (que chamam
também de papagaio) e a peteca. “A gente faz tudo da pipa, a rabiola,
o bambolim, o corpo. A gente usa esse plástico fino e a gente vai
fazendo.”
Seu irmão Indiomar descreve o jeito de se fazer uma peteca:
“Precisa
de um pedaço de sandália havaiana velha. Você pega
e corta um pedaço redondo, que vai ser a parte de baixo. Depois tem
que ter um pino de ferro ou de metal, como um prego grande. Você enfia
esse pino no pedaço de sandá lia,
no meio.
Daí tem que
achar as penas,
que
são
penas
de galinha que a gente pega na casa de alguém que cria galinha. Daí
você pega umas folhas secas de bananeira, tem que ser folha seca,
e amarra as penas no pino com as folhas. E prende também a parte de
baixo com as folhas.”
Fábio
Correa/Folha Imagem |
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Em
Diamantina, pula-cela chama-se
estrela-novo-toco |
Lá no
alto dos rochedos, o grupo escolhe brincar primeiro de vitória, uma
versão do barra-bandeira em que a bandeira é uma pedra grande com
uma pedra menor em cima. O jogo consiste em atravessar o campo do
adversário sem ser colado (pego) e roubar apenas a pedra pequena.
Depois eles brincam de gar-
rafão. Com uma pedra vermelha, riscam no chão a garrafa e o céu, um
círculo afastado do garrafão, que funciona como pique.
O jogo se torna um tanto violento quando o pegador, Indiano, consegue
tocar em Fabrício fora do garrafão. A regra, segundo Johnny explica,
“é que a pessoa que for pega vai apanhando de todo mundo até conseguir
chegar no céu, levando chute e tudo”.
Entre as brincadeiras preferidas do grupo estão o segmento e o jogo
estrela-novo-toco. No segmento, uma criança é escolhida para ser o
mestre. Tudo que ela fizer _pular sela, virar pirueta, subir em árvore_
deve ser imitado pelas outras. “Se não fizer, leva cocão (cascudo)”,
Fabrício conta.
Estrela-novo-toco é uma variação do jogo de pula-sela, em que uma
criança se inclina, e as outras vão pulando por cima dela. A diferença
é que, no estrela, há várias modalidades de salto, conforme a ordem
vai sendo dada por quem pula primeiro:
_ Estrela novo toco! (pulo normal);
_ Pastelão quente! (ao pular, o jogador apoia as mãos
espalmadas nas costas do sela);
_ Unha de gavião! (ao pular, os dedos do jogador se
apoiam como patas de gavião nas costas do sela);
_ Saco de batata! (o jogador pula e vira sela também,
abaixando-se ao lado do primeiro sela);
_ Levar o burrinho ao pasto! (depois de pular, o jogador
é carregado nas costas pelo sela).
E assim por diante, até completarem toda a variedade de saltos.
No distrito de Sopa (a cerca de 10 km de Diamantina), a brincadeira
era de meninas e uma das mais antigas.
No pátio da igreja, sentadas numa mureta, Carla Cristina Xavier, 8
e Adelaine de Jesus Oliveira, 10, praticavam o jogo das pedrinhas,
também chamado de jogo dos saquinhos ou cinco-marias.
Equilibrando as pedrinhas no dorso da mão, Adelaine explicou os lances
do jogo: “Tem que jogar tudo para cima e deixar cair nas costas da
mão, daí vai pingando e começa a jogar. Quem não erra ganha um galo
(um lance do jogo)”.(MF)
Leia
mais: Beijo,
abraço, aperto de mão ou açaí?
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