|
Bebida é a segunda mais
consumida no país
especial para a Folha
A cachaça vem sendo utilizada de forma diferente pelos diversos
grupos sociais ao longo da história do Brasil.
A conclusão é do economista Paulo Alves de Lima, da Unesp. “Na sociedade
escravocrata, os homens livres também consumiam a aguardente”, diz.
“É impossível pensar o tropeirismo sem a cachaça, que também esteve
presente no Ciclo do Ouro e nas casas-grandes.”
A leitura da “História da Alimentação no Brasil”, de Camara Cascudo,
e “Açúcar”, de Gilberto Freyre, sugere que a cachaça sempre foi
o maior “mata-fome” do Brasil, fazendo a população mais pobre esquecer
que o estômago ronca e seguir com o trabalho.
Para Lima, mesmo que o álcool possa cumprir essas funções, a questão
não é tão simples. “Para o senhor, o escravo é uma mercadoria. Embora
ele o utilize no limite das forças, não é racional acelerar sua
taxa de depreciação com o álcool”, diz.
Lima concorda, porém, que a bebida se generaliza após a Abolição.
“Sua produção é grande em relação à população, e ela se torna um
componente importante da dieta alimentar. O ‘mata-bicho’ entra no
café da manhã tanto no Brasil quanto na África”.
Em números
A cachaça é a segunda bebida alcoólica mais consumida no Brasil,
só perdendo para a cerveja.
O mercado movimenta, anualmente, R¹ 1 bilhão na comercialização
de 1,3 bilhão de litros.
Os dados são do PBDAC (Programa Brasileiro de Desenvolvimento da
Aguardente de Cana, Caninha ou Cachaça).
A produção formal de cachaça atingiria 800 milhões de litros, e
a informal abarcaria 500 milhões. Aproximadamente 71% desse total
é produzido industrialmente.
O Estado líder na produção é São Paulo, respondendo por cerca de
50%. Em seguida vêm Pernambuco, Ceará e Paraíba, com 20%; Minas
Gerais, entre 8 e 10%; Goiás, entre 5 e 6%; Rio, 5%; Paraná, 4%;
e Bahia, com 1,5%.
No consumo, São Paulo aparece mais uma vez em primeiro lugar, com
39,7%.
Seguem-se os Estados do Nordeste, que representam cerca de 25%.
Minas Gerais responderia por um índice superior a 10%, e o Rio de
Janeiro consume em torno de 8%. (IFP)
Leia mais: Restaurantes
surgem para matar fome de convívio
|
|