JOÃO
JOSÉ REIS
O
Brasil Monárquico - Tomo 2 da "História
Geral da Civilização Brasileira", org.
de Sérgio Buarque de Holanda (Difusão Européia
do Livro, 1970-1972) - Obra coletiva, permanece o melhor panorama
do Brasil monárquico, com capítulos de história
política (maior ênfase), econômica, diplomática,
militar, religiosa, escravidão, influência britânica,
emancipação política e revoltas regionais,
entre outros temas. Reflete bem o estado da pesquisa histórica,
sobretudo paulista, no início dos anos 70 do Novecentos.
Império
- A Corte e a Modernidade Imperial - Vol. 2 da "História
da Vida Privada", org. de Luiz Felipe de Alencastro,
direção de Fernando A. Novais (Ed. Companhia
das Letras) - Obra coletiva, com exemplos de abordagens emergentes.
Mas não é só "história nova",
e é algo mais que "história da vida privada".
O Império visto através do escravo e do senhor,
do imigrante e nativo, dos comportamentos e representações
diante da vida e da morte, temas amarrados e acrescidos de
outros, em penetrante capítulo introdutório.
Um
Estadista do Império , de Joaquim Nabuco (Ed. Topbooks)
- Fosse apenas uma biografia do pai Nabuco de Araújo,
este livro do filho seria suspeito. Tornou-se um clássico
indispensável porque é uma história envolvente,
testemunho honesto e bem documentado do Império.
Sobrados
e Mucambos , de Gilberto Freyre (Ed. Record) - A ordem
senhorial urbana, num livro mais bem contextualizado que "Casa-Grande
& Senzala". Trata com originalidade e sem cerimônia
assuntos que vão dos mais surpreendentes, como estilos
de barba e bigode, aos convencionais, como escravidão
e miscigenação. Nem tudo faz sentido, mas quase
tudo faz pensar.
Tempo
Saquarema , de Ilmar Rolf Mattos (Ed. Access) - Vai ao
âmago da calmaria do Segundo Reinado. A construção
do Estado nacional é a história da afirmação
da classe senhorial brasileira, em torno do pacto conservador
contra a desordem nas ruas e senzalas.
A
Construção da Ordem e Teatro de Sombras
, de José Murilo de Carvalho (Ed. Relume-Dumará)
- Introduz modo novo de fazer história política.
Traça perfil da elite política imperial, suas
origens sociais, regionais, ocupacionais. É sobre essa
gente em batalhas cruciais, como a abolição
e a lei de terras, em relação às quais
os senhores rurais, bem representados no poder, nem sempre
foram servidos pelo senhor do trono.
As
Barbas do Imperador , de Lilia Moritz Schwarcz (Ed. Companhia
das Letras) - Abordagem original de Pedro 2º, trata sobretudo
da construção da imagem pública do monarca,
a partir de vastíssima documentação iconográfica.
Se às vezes passa muito rápido sobre tais fontes,
deixa sempre pistas inteligentes.
Visões
da Liberdade , de Sidney Chalhoub (Ed. Companhia das Letras)
- É a corte da perspectiva do escravo. Mostra como
ele construiu a derrocada da escravidão no dia-a-dia,
avançando suas próprias visões de liberdade,
finamente elucidadas pelo historiador. Análise de classe
com classe.
Bahia,
Século 19 , de Kátia M. de Queirós
Mattoso (Ed. Nova Fronteira) - É o Império visto
da periferia, nesta radiografia bem documentada da província
baiana. Geografia, demografia, economia, família, escravidão,
riqueza, pobreza, governo, religião -esforço
exemplar em direção à inalcançável
história totalizante.
Pátria
Coroada , de Iara Lis Carvalho Souza (Ed. Unesp).
Da
Senzala à Colônia , de Emilia Viotti da Costa
(Ed. Unesp) - Escrita há mais de 30 anos, continua
a melhor obra de síntese sobre a ascensão e
queda da escravidão no império do café.
Obra
Completa , de Machado de Assis (Ed. Nova Aguilar) - O
mestiço Machado pode ter sido quem mais bem entendeu
o branco da corte. Visão penetrante e impiedosa, embora
sutil, da classe senhorial e da resistência astuciosa
dos subalternos apanhados nas rédeas da dominação
paternalista.
Primeiras
Trovas Burlescas , de Luiz (Getulino) Gama - Poemas do
militante abolicionista negro, de 1904, talvez a primeira
expressão literária de orgulho racial afro-brasileiro.
É também poesia de crítica divertida
e contundente ao racismo em seu tempo.
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